Ouvindo...

Bendito seja dezembro!

Esse clima festivo mexe com a gente de um modo que escapa à palavra

Vemos luzes, ao fim do túnel, no fim do ano...

Esse clima festivo mexe com a gente de um modo que escapa à palavra. Como pode um mês ser fonte de tanto respiro?

“Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias,

a que se deu o nome de ano,

foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança

fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano

se cansar e entregar os pontos (...)”

A mesmice enlouquece. Precisamos de um tempo de fantasia, em que a gente se ilude achando que amar é coisa fácil. Não, não é! Mas é bom se esquecer disso de vez em quando. Faz bem se autorizar a sonhar de novo com a “paz mundial” ou com " regime” que começa em Janeiro.

A rotina é cruel. De segunda a sexta qualquer entusiasmo se desidrata. Há sempre um ponto indeciso, uma decisão que se devia mais acertada. No casamento, na entrevista de emprego todos comparecem com meias verdades. A euforia é inversamente proporcional ao aumentos dos dias.

E que bom que seja assim! A vida é uma sucessão infinita de planos frustrados. E que bom que seja assim, porque, do contrário, existir seria um tédio. O prazer é bom porque passa. Conflitos estimulam, decepções educam.

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Se tudo durante o ano fosse perfeito perderíamos a magia do samba que canta o fracasso, os bares ficariam vazios, sem o riso de sexta-feira, e aquele deboche sobre o emprego, o qual em alguns momentos é insuportável, mas que a gente sente que é o nosso lugar. Sem rotina, sem desilusão, o mundo seria mais cinza, os padres, os cantores sertanejos, os terapeutas morreriam todos de fome!

Bendito seja Dezembro! Como é bom celebrar o Natal, esse “tempo tão Sagrado e tão doce” (Hamlet). Como é bom o clima da virada. Ele é como aquela paixão, sem contexto e sem pretexto, abertura infinita, privilégio dos namorados...

É tempo de se iludir com o tempo. Vamos ao encontro de nossas famílias problemáticas, conhecer as novas namoradas dos primos, vamos rir das mesmíssimas histórias. Sim, há também alguns lugares vazios, daqueles que já se foram, mas permanecem em nós como lembrança e legado! Saibamos: pela memória eles não morrem, pela fé eles ainda vivem!

Compareçamos à manjedoura. Contemplemos na simplicidade da presépio, nessa criança, o mais Sagrado dizer sim! Não nos esqueçamos: tudo começou com Jesus. E isso nem é só questão de crença, é de lucidez e de provocação.

Será que precisamos de tanto? Será que a felicidade não é a distração, o instante, o “quase um quase”? Será que o sentido da vida está na grandeza do que se pode conquistar ou na consciência do que não se pode renunciar?

Vale a pena pensar.... Em tempos tão sombrios como são os nossos: vejamos as luzes! Videamos Stellam! (Vejamos a estrela) (Mt 2,2).


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Pró-reitor de comunicação do Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade. Ordenado sacerdote em 14 de agosto de 2021, exerceu ministério no Santuário Arquidiocesano São Judas Tadeu, em Belo Horizonte.
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