Um dos maiores estudos brasileiros sobre câncer colorretal, feito por pesquisadores do Hospital de Amor (antigo Hospital de Câncer de Barretos) com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), mostrou que a genética e a ancestralidade influenciam no risco de ter a doença.
O trabalho foi publicado na revista Global Oncology e é importante porque o câncer colorretal é o terceiro mais comum no Brasil, atrás apenas dos tumores de pele não melanoma.
De acordo com a Fapesp, os cientistas analisaram 45 variações genéticas em quase 2 mil pessoas: 990 com câncer colorretal e 1.027 sem a doença. Como apenas 5% a 10% dos casos são hereditários, a pesquisa se concentrou nos 90% considerados esporádicos, tentando entender como a genética individual interfere nesses casos.
Das 45 variações, nove tiveram ligação clara com a doença. Quatro delas se destacaram: duas aumentaram o risco e duas ajudaram a proteger contra o câncer. Essas variações estão em partes do DNA que controlam inflamações e crescimento celular e são passadas de pais para filhos.
Outro resultado importante foi a relação com a ancestralidade. Pessoas com menos ancestralidade africana e asiática mostraram maior risco de desenvolver o câncer. Isso indica que genes dessas populações podem ter um efeito protetor. Segundo o pesquisador Rui Manuel Reis, esse padrão pode estar ligado não só à genética, mas também a fatores como alimentação.
O estudo, que reúne uma amostra representativa da diversidade brasileira, abre espaço para a chamada medicina personalizada. Embora os genes não possam ser mudados, conhecer esses riscos pode ajudar, no futuro, a criar estratégias de prevenção e rastreamento adaptadas à realidade do Brasil. Os pesquisadores já trabalham em uma nova etapa, que pretende mapear até 3 milhões de variações genéticas para criar um escore de risco específico para a população brasileira.
*com informações de Fapesp