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O que é o implante da Neuralink, de Musk? Chip pode fazer pagamentos e controlar celular

A empresa de Elon Musk fez a primeira aplicação de um chip para testes em um cérebro humano; resultados preliminares são promissores

A Neuralink, empresa do bilionário Elon Musk, fez a primeira aplicação de um chip para testes em um cérebro humano nessa segunda-feira (29). A tecnologia pode atuar em diversas atividades, mas está sendo usada inicialmente para ajudar pacientes com paralisia motora.

A empresa de neurotecnologia, fundada por Elon Musk em 2016, está desenvolvendo interfaces cérebro-computador (BCI) que permitem que as pessoas controlem dispositivos eletrônicos com o pensamento.

A Neuralink acredita que as aplicações, que não são inéditas, têm o potencial de melhorar a vida de todos, não apenas de pessoas com deficiência (PcD).

Os pesquisadores buscam ampliar a aplicação do produto, abrangendo novas funcionalidades, como realizar pagamentos, comandar a TV, acender lâmpadas, conduzir veículos, armazenar dados, enviar mensagens, efetuar chamadas telefônicas e até criar campos magnéticos para manipular objetos/dispositivos.

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A empresa holandesa Onward e o instituto Clinatec de Grenoble, da França, também já fizeram implantes de chip em humanos para testar funções semelhantes a Neuralink em pessoas com paralisia motora.

No entanto, os riscos envolvidos na operação ainda são incertos e a Organização Mundial da Saúde (OMS) já emitiu alerta para esse tipo de implante.

Primeiro teste

O chip foi projetado para ser usado inicialmente em pacientes com paralisia motora, como tetraplégicos, paraplégicos, hemiplégicos, dentre outros.

Através da tecnologia, essas pessoas poderiam recuperar a capacidade de controlar seus membros ou dispositivos eletrônicos, como telefones celulares ou computadores.

O chip, do tamanho de uma moeda, é implantado cirurgicamente no cerebelo - região do cérebro responsável pelo controle dos movimentos.

De acordo com a Neuralink, o chip é composto por 1.024 eletrodos que podem detectar sinais elétricos dos neurônios e enviá-los para um computador, que interpreta os dados e os converte em comandos.

Após o primeiro implante, Musk publicou ontem (28) no X (ex-Twitter) que o paciente se recupera bem e os resultados preliminares são “promissores”.

O acesso à tecnologia da Neuralink ainda não está disponível ao público. A empresa está realizando testes clínicos com o chip em pacientes com paralisia motora.

Em uma entrevista à CNBC, em 2023, o CEO Elon Musk disse que pode lançar o dispositivo para o público em 2025 ou 2026, caso os resultados sejam positivos.

É provável que o acesso à tecnologia seja pago. A empresa ainda não divulgou o preço do chip, mas é possível que o custo seja elevado por se tratar de uma tecnologia de ponta.

Expansão

A Neuralink também trabalha para expandir chip para outras pessoas. A empresa esta em fase inicial de testes para usar o dispositivo para fazer pagamentos, controlar eletrônicos, armazenar dados e até para gerar campos eletromagnéticos.

Musk acredita que a nova tecnologia pode conter o “risco” da inteligência artificial para a civilização humana.

Confira como o chip pode ser usado em cada uma das aplicações:

  • O chip poderia ser usado para fazer pagamentos sem a necessidade de uma carteira ou cartão de crédito. Para isso, o dispositivo seria capaz de detectar os sinais elétricos gerados pela mão ao tocar uma superfície.
  • A tecnologia poderia ser usada para controlar dispositivos eletrônicos com o pensamento, como TVs, lâmpadas ou carros. Nesse caso, o chip seria capaz de detectar os sinais elétricos gerados pelo cérebro.
  • O chip poderia armazenar dados, como informações pessoais ou memórias, convertendo sinais elétricos do cérebro em dados digitais.
  • A Neuralink também está desenvolvendo um novo chip que pode ser usado para se conectar a uma rede celular. Assim, ele seria capaz de enviar mensagens de textos e fazer chamadas telefônicas através do cérebro.

Campo magnético

A Neuralink está pesquisando a possibilidade de usar o chip para gerar campos magnéticos que podem auxiliar pessoas com deficiência ou o público geral.

O chip seria capaz de detectar sinais elétricos do cérebro e convertê-los em energia magnética para controlar dispositivos eletrônicos.

O campo magnético poderia ser usado para controlar implantes médicos que estimulam os músculos, o sistema nervoso ou outros órgãos. Isso poderia ajudar a tratar uma variedade de condições médicas, como paralisia, Parkinson e epilepsia.

Além disso, eles podem ser aplicados em funções cotidianas.

Por exemplo:

  • O campo magnético poderia ser usado para controlar o mouse do computador, sem o uso das mãos.
  • Ajustar o volume de um dispositivo eletrônico ou para controlar o brilho da tela do celular.
  • Mover objetos físicos na frente do usuário ou para criar a sensação de tocar um objeto virtual.
  • Criar a sensação de que o usuário está sendo puxado por uma força ao gerar um campo magnético. Por exemplo, o dispositivo poderia criar a sensação de que o usuário está andando na superfície da lua.

Quais os riscos envolvidos na operação?

Em 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta sobre os riscos dos implantes cerebrais, lembrando que se trata de uma tecnologia experimental, com riscos ainda incalculáveis.

O comunicado afirma que os implantes cerebrais apresentam riscos envolvendo danos ao cérebro, rejeição do corpo e mal funcionamento do chip.

O alerta da OMS adverte que os benefícios ainda não foram comprovados e recomenda que dispositivos sejam usados apenas em casos de extrema necessidade, quando os benefícios superarem os riscos, após serem testados com rigor.

A organização também ressaltou a importância de garantir que os implantes cerebrais sejam usados de forma ética e responsável, com o consentimento dos pacientes. É importante estar ciente dos riscos envolvidos antes de se submeter a esse tipo de cirurgia.

Além da OMS, a Sociedade de Neurologia dos Estados Unidos e a Associação Médica Americana (AMA) também emitiram alerta sobre os implantes.

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Formado em Jornalismo pela UFMG, com passagens pelo jornal Estado de Minas/Portal Uai. Hoje, é repórter multimídia da Itatiaia.
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