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Por que exame de ressonância é incompatível com metal?

Equipamento usa campo magnético mais forte que o da Terra, que pode atrair objetos diversos

Equipamento usa campo magnético mais forte que o da Terra

Quem já fez exame de ressonância magnética deve se lembrar que teve de responder a algumas perguntas antes de ser submetido a ele. É preciso declarar, por exemplo, se tem marcapasso cardíaco, clipe de aneurisma, membro artificial ou placa metálica, implante médico e até ferimento por arma de fogo e eventual remoção da bala.

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Isso tem motivo: o equipamento de ressonância magnética usa um campo magnético capaz de atrair objetos metálicos e levá-los a se moverem com grande força. “Por esse motivo, os pacientes são aconselhados a remover joias, roupas e outros itens que contenham metal antes de entrar na área da ressonância magnética”, destaca Marcos Crivelaro, professor da Fiap.

O dispositivo pode produzir um campo magnético mais forte que o da Terra. E quanto maior ele for, melhor a qualidade e o detalhamento das imagens. “Ou seja, o equipamento que oferece melhores imagens é o que tem maior risco para acidentes.” Além disso, metais podem interferir na qualidade das imagens obtidas pela ressonância magnética.

Uma máquina de 1,5 tesla, por exemplo, pode atrair um carro grande e uma de 3 tesla é capaz de arrastar um ônibus duplo. “No ambiente hospitalar, uma máquina de 3 tesla facilmente levanta uma cadeira de rodas”, compara Crivelaro.

É por isso que a ressonância magnética fica em uma sala especial. “Pacientes que possuam dispositivos metálicos ou eletrônicos não podem fazer o exame. Isso inclui marcapassos não compatíveis, clipes de aneurisma cerebral antigos e fixadores ortopédicos externos.”

Regras para acompanhantes

Mesmo quando o equipamento não está realizando o exame, o campo magnético pode estar ativo. Por isso, acompanhantes devem seguir as mesmas orientações e respeitar os protocolos de segurança. É proibido, por exemplo, circular com material metálico na área e absolutamente proibido entrar com material metálico no aparelho.

Em São Paulo, o advogado Leandro Mathias negou o porte de arma de fogo ao entrar no laboratório Cura para acompanhar a mãe em um exame em meados de janeiro. Ele assinou os termos de consentimento e foi informado sobre a necessidade de retirar todos os objetos metálicos antes de entrar na sala.

Mesmo assim, manteve consigo uma pistola calibre 9 mm carregada e um pente extra. “Estava tudo escrito e esclarecido. Tanto que ele guardou todos os objetos no armário e, infelizmente, o único objeto que ele não guardou foi a arma de fogo”, conta César Penteado, diretor-médico do laboratório Cura.

O exame ainda não havia começado e Mathias ajudava a posicionar a mãe idosa na maca. Nesse momento, a arma foi puxada pelo aparelho, bateu na lateral e disparou. O advogado foi atingido no abdome. Socorrido em estado grave, ele morreu na segunda-feira (6). A mãe dele e os dois funcionários do laboratório que estavam na sala no momento do incidente não se feriram.