Com a chegada do 15º voo de deportados dos Estados Unidos ao Brasil, no atual governo de Donald Trump, o número de repatriados desde fevereiro deste ano já ultrapassa 1,3 mil pessoas. A aeronave, que trouxe 100 brasileiros, veio diretamente do estado do Texas para o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, sem escala em Fortaleza, como ocorria nas operações anteriores.
Segundo dados do governo federal, 35% dos repatriados têm entre 18 e 29 anos. Minas Gerais é o estado que mais recebeu deportados, seguido por Rondônia, São Paulo, Goiás e Espírito Santo.
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“Todo mundo algemado. Só tiraram as algemas aqui. Humilhação. Todos os caras eram ignorantes, racistas, muito racistas. Sem beber água. Nós ficamos três dias só tomando água de esgoto”, relatou Geovani Soares, natural de Açucena, no interior mineiro.
A representante do Ministério dos Direitos Humanos, Sônia Cristina Hamid, explicou como a União tem atuado para auxiliar os deportados:
“A gente percebe as situações de vulnerabilidade que essas pessoas enfrentam. Damos apoio inicial com alimentação, contato com familiares, abrigo quando necessário e ajuda com transporte para os estados de destino. Buscamos oferecer uma recepção que dê base para que possam retomar suas vidas no Brasil.”
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Social de Minas Gerais, normalmente a pasta entra em contato com os municípios de origem. O ônibus é oferecido por parceiros e leva as pessoas que não têm recursos próprios até a rodoviária, para seguirem viagem.
Desta vez, além do apoio logístico, foi oferecida vacinação aos deportados. A medida, segundo a pasta, se justifica pelo momento epidemiológico:
“Estamos em período de maior incidência de doenças respiratórias. É um cuidado a mais com a saúde, já que muitos estavam privados de liberdade e o acesso à vacina no exterior não é o mesmo que no Brasil.”O voo havia sido cancelado na semana passada, mas foi viabilizado após negociação entre o Ministério das Relações Exteriores e autoridades americanas.