A cada dia, em média, um acidente provocado por direção perigosa ou participação em rachas é registrado em Minas Gerais. Segundo a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), mais de 270 ocorrências desse tipo foram contabilizadas em 2023. Somente nos cinco primeiros meses de 2024, já são cerca de 120 registros envolvendo manobras arriscadas e excesso de velocidade.
Em ruas e avenidas, não é difícil encontrar testemunhas desses episódios. O motoboy Leonardo Costa Ribeiro relata que já presenciou várias situações perigosas: “Já vi muitas vezes. Esse pessoal não tem consciência, colocam em risco a vida dos outros e a deles mesmos.”
O motorista Júlio César também presenciou esse tipo de situação. “Já vi episódios perigosos e arriscados, colocando em risco a vida de várias pessoas. É uma irresponsabilidade enorme.”
Um exemplo recente da gravidade dessas ocorrências foi o acidente que matou um motorista no último fim de semana
Jovens, adrenalina e sensação de impunidade
Para o especialista em segurança no trânsito e professor do Departamento de Engenharia de Transportes do CEFET-MG, Aguimar Bento Teodoro, o perfil dos condutores envolvidos em direção perigosa geralmente se concentra entre jovens de 18 a 29 anos.
“São pessoas que gostam de velocidade, se arriscar, têm esse perfil mais aventureiro. Além disso, há um fator determinante: a certeza da impunidade. Muitos participam de rachas e não são autuados, não recebem multa. A população nem fica sabendo”, afirma.
Ele ressalta ainda que os dados oficiais podem estar subnotificados. “Muitas vezes, as causas reais dos acidentes não são registradas. Um caso comum é o de perda de controle do veículo, mas o que causou essa perda? Pode ter sido uma disputa de racha, por exemplo. À noite ou de madrugada, sem testemunhas, os envolvidos podem omitir essa informação. Por isso, é possível que os números reais sejam ainda maiores”, acrescentou.