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‘Juntamos o útil ao agradável’, diz proprietário de ônibus ‘cabaré' no interior de Minas

Veículo transporta clientes para boate localizada na BR-040, em Conselheiro Lafaiete; vereadora diz que mulheres começaram a se expor nuas pela janela, mas empresário nega

Proprietário de ônibus ‘cabaré' se pronuncia após polêmica

O proprietário do ônibus “cabaré” que circula entre Ouro Branco e Conselheiro Lafaiete, na Região Central de Minas Gerais, explicou, em entrevista a Itatiaia, que o veículo é apenas uma “ferramenta de marketing”. O ônibus gerou polêmica após ser flagrado transportando clientes até a boate Las Vegas Night, localizada às margens da BR-040.

O veículo com iluminação de LED e um letreiro com a imagem de uma mulher seminua chamou atenção dos moradores. Em um vídeo que circula nas redes, um morador de Lafaiete flagrou o veículo na rua e demonstrou surpresa com o ocorrido. “Eu já vi muita coisa nessa vida, mas uma ‘zona’ móvel é só aqui em Lafaiete mesmo. E tá cheio de mulher ainda”, afirmou.

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O caso levou a Câmara Municipal de Ouro Branco a enviar um requerimento à Prefeitura solicitando esclarecimentos. A vereadora Nilma Aparecida Silva (PT), autora do documento ao lado dos vereadores José Irenildo Freires de Andrade (PSDB) e Neymar Magalhães Meireles (Cidadania), afirmou que a principal preocupação surgiu após relatos de moradores sobre o comportamento das ocupantes do ônibus.

“Enquanto eles estavam passando, sem importunar os vizinhos, não houve reclamações. Mas as moças do ônibus começaram a se expor nuas pela janela, onde havia crianças brincando. Além disso, suspeitamos que essas mulheres pudessem estar sendo exploradas sexualmente”, declarou Nilma.

O que diz a boate Las Vegas Night?

Em entrevista à Itatiaia, o proprietário da boate Las Vegas Night, localizada na BR-040, em Conselheiro Lafaiete, se defendeu das acusações. “A meu ver não há nada de ilegal ou imoral com o ônibus. É apenas uma ferramenta de marketing. Ele simplesmente roda na região divulgando o trabalho das meninas, trabalho esse que não tem nenhuma proibição legal”, declara o dono, que não será identificado.

Questionado a respeito da afirmação da vereadora, de que as mulheres estavam se expondo nuas pela janela, o empresário declarou que elas somente “respondem aos acenos da população”.

Ele explica que inicialmente a ideia era apenas transportar as mulheres nos dias de folga para “passeios na região”, mas como o ônibus é plotado de forma “diferente do usual”, começou a ser atração do público.

“Passamos a ter passeios diários. É uma forma das garotas saírem do ambiente de trabalho e se divertirem com os acenos da população. Tanto homens como mulheres pedem para conhecer o veículo internamente e tiram selfs com as garotas”, explica.

O proprietário afirma também que a ideia trouxe um aumento do público. “Juntamos o útil ao agradável, as garotas se divertem e ao mesmo tempo divulgam o trabalho delas. São profissionais sérias e que jamais iriam se expor da forma que estão falando, afinal quase todas são mães e têm a moral a zelar”, finaliza.

A boate anuncia em suas redes sociais um ambiente “seguro e divertido” e promete ganhos entre R$ 2 mil e R$ 3 mil por semana para mulheres interessadas em trabalhar no local. Avaliações na internet indicam preços entre R$ 160 e R$ 200, com funcionamento 24 horas.

O que diz a Prefeitura?

A Prefeitura de Ouro Branco informou, em nota, que recebeu o requerimento e que o caso está sendo avaliado pelas secretarias e órgãos competentes, incluindo trânsito, fiscalização de estabelecimentos e políticas para mulheres.

“A administração municipal destaca sua preocupação com os alertas sobre possíveis casos de exploração de mulheres e com a legalidade do serviço de transporte prestado pelo referido veículo”, afirmou o comunicado.

*Sob supervisão de Edu Oliveria

Estudante de jornalismo pela PUC Minas. Trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre Cidades, Brasil e Mundo.