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Falta de transporte coletivo noturno freia crescimento de bares e restaurantes em BH

Pesquisa da PBH busca soluções; trabalhadores desistem de empregos por dificuldade de voltar para casa

Pesquisa da PBH busca soluções relacionadas à falta de transporte coletivo noturno

O transporte coletivo noturno em Belo Horizonte está no centro de uma nova pesquisa da Prefeitura, mas as queixas de quem depende dele já são antigas. A dificuldade de deslocamento após a meia-noite afeta diretamente trabalhadores e empreendedores do setor noturno, especialmente bares e restaurantes, que enfrentam resistência para contratar e manter funcionários.

O garçom Felipe Melo, morador do bairro Estrela Dalva, região Oeste, deixou o emprego em um restaurante no bairro Sagrada Família, na região Leste, por não conseguir voltar para casa com segurança.

“Muitas vezes esperava três horas para pegar um ônibus. Chegava em casa às quatro ou cinco da manhã. Não é viável, nem seguro”, relata.

A mesma dificuldade impacta os empresários. Adélcio Coelho, dono de um bar e restaurante, afirma que a falta de transporte adequado inviabiliza contratações.

“De cada dez candidatos, nove recusam a vaga por não ter como voltar. Depois da meia-noite, contratar é um desafio. Já tivemos casos tristes de funcionários que perderam o último ônibus por minutos e precisaram caminhar pela BR até às três e meia da manhã para chegar em casa. Eles desistem do trabalho”, conta.

O problema é antigo e já foi identificado em outros levantamentos. Pesquisa da Alo Shopping, entidade que reúne lojistas de shoppings em Minas, apontou falhas como baixa frequência após as 22h, cancelamentos sem aviso, insegurança nos terminais e falta de integração entre transporte municipal e metropolitano.

“Os sistemas não conversam entre si, nem os cartões são os mesmos”, afirma o superintendente Marcelo Silveira.

Segundo a Prefeitura, a atual pesquisa pretende entender como a rede noturna, que opera de meia-noite às 4h, pode ser atualizada. Hoje são realizadas 517 viagens em 123 linhas nos dias úteis, e 554 viagens em 124 linhas aos fins de semana, segundo o subsecretário de Planejamento da Mobilidade, Lucas Collen.

“Nosso itinerário é muito semelhante ao de 2019, mas a cidade mudou desde 2020. Precisamos entender a nova dinâmica e adequar horários, rotas e pontos de embarque”, explica.

A falta de transporte noturno é pauta antiga da Abrasel-MG (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes - Minas Gerais). A presidente da entidade, Karla Rocha, reforça que o tema é crucial para manter a vida noturna da capital, conhecida como “cidade dos bares”.

“Mobilidade urbana à noite é um assunto que BH não pode deixar de lado. Precisamos que a cidade volte a ser viva”, afirma.

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Fabiano Frade é jornalista na Itatiaia e integra a equipe de Agro. Na emissora cobre também as pautas de cidades, economia, comportamento, mobilidade urbana, dentre outros temas. Já passou por várias rádios, TV’s, além de agências de notícias e produtoras de conteúdo.