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Depósito insalubre escondia 15 mil garrafas usadas em bebidas adulteradas em BH

Ambiente sujo, infestado de baratas e com passagem secreta levantou suspeita de rede de falsificação

Local funcionava como ponto de distribuição de recipientes de uísque, gim e vodca; proprietário foi ouvido e ficou em silêncio

Quinze mil garrafas que seriam usadas em um esquema de adulteração de bebidas alcoólicas foram encontradas em um depósito de recicláveis no bairro Barro Preto, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, conforme informou a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (17).

Entre as garrafas estavam recipientes de gim, uísque e vodca, todos com rótulos, tampas e bicos dosadores intactos, o que levantou suspeita de que o local não funcionava como um ponto de reciclagem comum, mas como um centro de distribuição para falsificação de bebidas.

O dono do depósito, um homem de 61 anos, afirmou que comprava as garrafas de pessoas em situação de rua, mas a polícia acredita que o volume e o estado de conservação do material indicam participação em um esquema maior de adulteração. O espaço foi descrito como insalubre, com presença de ratos, baratas e sujeira acumulada.

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“O local não atende a nenhuma especificação sanitária. É um ambiente totalmente insalubre, cheio de resíduos, roedores e baratas — muito sujo mesmo. E, de fato, as garrafas estavam todas preservadas”, disse Rafael Alexandre de Faria, da 2ª Delegacia Especializada em Fraudes.

Durante a vistoria, os policiais encontraram uma passagem secreta."E, durante a investigação, descobrimos uma passagem secreta nos fundos do local. Havia uma parede com um buraco, grande o suficiente para a passagem de uma pessoa. Esse acesso estava coberto por uma placa de metal e por caixas empilhadas, justamente para passar despercebido. Ao entrarmos nesse cômodo escondido, encontramos ainda mais garrafas — em condições ainda mais sujas e insalubres”, disse delegado.

A retirada de todo o material exigiu cinco caminhões. O proprietário foi levado para prestar depoimento, mas optou por ficar em silêncio. O celular dele foi apreendido e será periciado.

A investigação continua para identificar os compradores das garrafas e possíveis quadrilhas envolvidas no esquema.

Depósito na Grande BH

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) também vai analisar o material apreendido por militares em um barracão no bairro Vale das Acácias, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

No local, os policiais encontraram uma grande quantidade de bebidas adulteradas e diversos compostos químicos usados para a produção irregular dessas bebidas.

Metanol no Brasil

O Ministério da Saúde atualizou, na última quarta-feira (15), o balanço sobre casos de intoxicação por metanol após o consumo de bebidas alcoólicas: até o momento, foram registradas 148 notificações no país, sendo 41 confirmadas e 107 ainda em investigação.

A maioria dos casos está em São Paulo, que concentra mais de 60% das ocorrências — 33 confirmações e 57 investigações em andamento. Também há registros no Paraná (4 casos confirmados), Pernambuco (3) e Rio Grande do Sul (1). Não há casos confirmados em Minas Gerais, segundo o Ministério.

Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.
Jornalista formado em Comunicação Social pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH). Na Itatiaia desde 2008, é “cria” da rádio, onde começou como estagiário. É especialista na cobertura de jornalismo policial e também assuntos factuais. Também participou de coberturas especiais em BH, Minas Gerais e outros estados. Além de repórter, é também apresentador do programa Itatiaia Patrulha na ausência do titular e amigo, Renato Rios Neto.