Ouvindo...

Nudes de IA: pai de aluna do Colégio Santa Maria diz que escola sabia das imagens, mas que lidou como ‘brincadeira’

Pai também revelou que os adolescentes desmembravam digitalmente partes dos corpos das alunas para criar as montagens; ao menos 17 estudantes foram expostas

Colégio Santa Maria Minas — Unidade Floresta

O pai de uma aluna do Colégio Santa Maria, em Belo Horizonte, revelou que os três alunos suspeitos de terem divulgado fotos geradas por IA de estudantes nuas já tinham produzido as imagens no ano passado. Segundo o homem que não quis se identificar, a escola teria interpretado a conduta dos alunos como uma ‘brincadeira’. O caso ganhou repercussão nessa quarta-feira (5), após alunas do 3º ano da escola emitirem uma nota de repúdio sobre a conduta dos colegas.

A filha dele foi uma das 17 meninas que tiveram as fotos divulgadas - há previsão de que esse número suba para 22.

“A punição que a escola deu no ano passado para esse tipo de crime foi um dia de suspensão para esses alunos. Se eu não me engano, o que entendi, é que a escola encarou isso como uma brincadeira de mau gosto”, contou o pai da aluna.

O pai da aluna também revelou que os adolescentes desmembravam digitalmente partes dos corpos das alunas para criar as montagens. “Eles colocam cada parte íntima como se fosse parte de uma menina do colégio. Tipo, parte íntima do corpo é de fulana, outra parte é de fulana”, diz.

Para o pai, a exposição das meninas é um crime. “Meu medo agora é quem visualizou essas fotos. E se essa foto cai na mão de um maníaco. [...] Essa semana não vou permitir que ela vá à escola [...] Os alunos que cometeram esse delito ainda estão frequentando a escola normalmente. Não houve uma postura de pulso da escola”, reclama.

“Então, enquanto isso, as vítimas que ficam privadas de frequentar a escola”, desabafa.

Aluno detalha ação dos colegas

A Itatiaia conversou com um estudante do Colégio Santa Maria Minas, de 16 anos, que não será identificado. Ele não participou dos grupos, mas conhece algumas vítimas e os suspeitos.

O aluno relatou que o caso chegou à direção da escola no início do ano, mas que nada de concreto foi feito. Ele cita que foram mais de 20 vítimas, desde o 7º ano ao 3º ano do Ensino Médio.

“Os meninos pegavam a foto das meninas com roupa e jogavam na inteligência artificial, fazendo com que gerasse a imagem delas sem roupa”, explicou.

“Em outro grupo, eles competiam quem se masturbava mais para determinada foto”, disse o aluno.

O que diz o Colégio Santa Maria?

Em nota sobre o caso, a escola informou que desenvolve sistematicamente atividades educativas voltadas ao uso ético e responsável da tecnologia. Além disso, esclareceu que já tomou as seguinte medidas pedagógicas e juridicas:

1 - Acolhida e escuta das vítimas e de seus familiares.
2 - Convocação e escuta do suposto autor e seus familiares.
3 - Aplicação de medidas disciplinares conforme o Regimento da Instituição.
4 - Intensificação de atividades formativas nas turmas do ensino médio sobre bullying e suas consequências jurídicas.
5 - O Conselho Tutelar, Ministério Público e Delegacia de Crimes Cibernéticos serão comunicados sobre o ocorrido.

A Itatiaia voltou a procurar a escola sobre o fato dos alunos serem reincidentes na conduta e sobre outras denúncias feitas pelo pai, mas até o momento dessa reportagem a escola não se pronunciou sobre o assunto.

Leia também

Jornalista formado em Comunicação Social pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH). Na Itatiaia desde 2008, é “cria” da rádio, onde começou como estagiário. É especialista na cobertura de jornalismo policial e também assuntos factuais. Também participou de coberturas especiais em BH, Minas Gerais e outros estados. Além de repórter, é também apresentador do programa Itatiaia Patrulha na ausência do titular e amigo, Renato Rios Neto.
Ana Luisa Sales é jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na Itatiaia desde 2022, já passou por empresas como ArcelorMittal e Record TV Minas. Atualmente, escreve para as editorias de cidades, saúde e entretenimento
Cursou jornalismo no Unileste - Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais. Em 2009, começou a estagiar na Rádio Itatiaia do Vale do Aço, fazendo a cobertura de cidades. Em 2012 se mudou para a Itatiaia Belo Horizonte. Na rádio de Minas, faz parte do time de cobertura policial - sua grande paixão - e integra a equipe do programa ‘Observatório Feminino’.
Jornalista formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na Itatiaia, escreve para Cidades, Brasil e Mundo. Apaixonado por boas histórias e música brasileira.