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Justiça nega pedido do MPMG para obrigar uso de câmeras corporais em PMs: ‘inviável’

Decisão afirma que planejamento da compra, instalação e monitoramento dos equipamentos deve ser feito pela administração pública

Ministério Público de Minas Gerais acusa governo estadual e PM de “retardar o uso do equipamento propositalmente”

A Justiça de Minas Gerais negou, nesta quinta-feira (24), o pedido do Ministério Público para implementar câmeras corporais em todos os policiais militares com atuação ostensiva do estado. A solicitação foi feita por meio de uma ação pública e pedia que os equipamentos fossem instalados nas fardas em um prazo de até dois anos. Para os equipamentos que já foram comprados, o prazo seira de 30 dias.

O juiz Ricardo Sávio de Oliveira, da 1ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias da Comarca de Belo Horizonte, afirmou que o pedido é “inviável”, já que a Polícia Militar de Minas Gerais só comprou, até o momento 1.600 câmeras corporais - número aquém da quantidade de policiais que atuam no estado.

“A pretensão autoral de determinar, de forma genérica e indiscriminada, o uso de bodycams (câmeras corporais) em todas as unidades e policiais militares do Estado revela-se inviável. Não há técnica nem logística capaz de assegurar, de início, o aparelhamento e a capacitação uniforme em âmbito estadual, tampouco regulamentação administrativa concluída que discipline sua operacionalização em todos os serviços regulares da corporação”, diz trecho da decisão.
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O magistrado ainda afirmou que a ampliação no número de câmeras corporais instaladas depende de um planejamento gradativo, com a adoção de critérios de distribuição, de capacidade de armazenamento e de protocolos de privacidade. Para o juiz, a elaboração desse planejamento é função da administração pública e não de uma liminar judicial.

“Ao Judiciário cabe controlar eventual ilegalidade ou desvio de poder, mas não substituir o planejamento orçamentário e operacional do Estado-Réu. A universalização imediata, sem critérios ou fase piloto concluída, poderia comprometer o funcionamento de setores essenciais, acarretando desperdício de recursos públicos e insegurança jurídica”, concluiu.

MP acusa governo de Minas e PM de retardarem propositalmente uso das câmeras

Ao entrar com uma ação judicial contra o estado, o Ministério Público acusou o governo de Minas e a Polícia Militar de estarem “propositalmente retardando o uso de câmeras operacionais portáteis”. O MP ainda alega que há “falta de informações, planejamento e avaliações quanto ao uso dos equipamentos já existentes no Estado, assim como total ausência de planejamento de eventual expansão de projeto”.

“Tal postura evidencia o descaso do Estado com a segurança pública, especificamente com os policiais militares e demais servidores, na qualidade de garantidor dos direitos fundamentais do cidadão”, diz outro trecho da ação”, dizia trecho da ação.

Repórter policial e investigativo, apresentador do Itatiaia Patrulha.
Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.