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Publicitário visita exposição em BH e descobre quadro da fachada da casa dos avós: ‘Quase caí para trás’

Raphael Azevedo, de 31 anos, descobriu, por acaso, que a artista plástica mineira Yara Tupynambá havia pintado a fachada da casa onde passou a infância; exposição está até o dia 23 de fevereiro em exibição no Palácio das Artes, em BH

Equipe da artista permitiu que família digitalizasse e transformasse o quadro em uma gravura

Telhado pontudo, janelas quadradas, alpendre e jardim. Detalhes de uma casa histórica no bairro Floresta, em Belo Horizonte, em que o publicitário Raphael Azevedo, de 31 anos, passou parte da primeira infância e reencontrou por acaso em uma exposição de arte.

O comunicador conta que produz conteúdo sobre a história da capital mineira e, por isso, estava em busca de referências. Então, ele decidiu percorrer alguns museus e galerias pela cidade até se deparar com a exposição “Paisagens da Alma Mineira”, da artista plástica Yara Tupynambá, em exibição no Palácio das Artes.

No entanto, Raphael teve uma grande surpresa enquanto passeava em meio às obras da artista. A casa da família materna, vendida em 1999 e demolida para virar um estacionamento, estava eternizada em um quadro de Yara.

“No meio da exposição eu me deparo com uma obra da fachada da casa dos meus avós. Quase caí pra trás. Reconheci na hora mesmo, não tive sombra de dúvida. Foi como se eu estivesse vivendo uma situação sobrenatural. Foi 100% surpresa do destino, quase mágica”, diz.
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Veja a comparação entre a casa e o quadro:

O publicitário viveu na casa em 1998, quando ainda era criança. Ali, moravam seus avós, o alfaiate Joaquim Raphael de Azevedo e a esposa Laurinda, e seus seis filhos. Raphael conta que a mãe nasceu na residência em 1950 e passou a maior parte da vida no local.

Apesar da memória de um lar feliz, a família só tinha um registro fotográfico do imóvel. Imagem essa que, coincidentemente, tem o mesmo enquadramento do quadro pintado pela artista mineira.

“Na mesma hora que eu vi (o quadro), eu mandei foto e ficou todo mundo chocado, incrédulo, pensando: ‘será que foi um sinal divino?’ Meus avós faleceram há muitos anos e é curioso que ninguém sabia dessa obra. A Yara passou por lá e eternizou esse momento”, comenta o publicitário.

Publicitário acredita que família está retratada em obra

O quadro traz a fachada da casa, que ficava ao lado da Igreja Nossa Senhora das Dores, também conhecida como Igreja da Floresta, e alguns personagens em cena. É possível ver uma vendinha de queijo, onde trabalhava a tia de Raphael, chamada Nilce Azevedo.

“A gente percebe que tem uma lojinha na garagem, que pertencia a uma tia minha. Essa vendinha existiu entre o final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Essa mulher do balcão a gente acredita que seja ela”, afirma.

Raphael ainda atribuiu um significado especial aos elementos que aparecem no quadro: “Na pintura há quatro homens e duas mulheres, igual aos filhos que meus avós tiveram. Também tem duas pipas voando, como se fossem meus avós. É muito incrível”.

A reportagem entrou em contato com a equipe da Yara Tupynambá, que permitiu que a família digitalizasse a obra para guardar como recordação.

Quadro Santa Tereza, de Yara Tupynambá

Curador da exposição faz revelação

O quadro em questão se chama Santa Tereza e faz parte de um estudo de técnica mista feito por Yara Tupynambá.

Por registrar a venda de queijo, logo abaixo da casa, o quadro possivelmente retrata o imóvel entre os anos de 1980 e 1990.

Geraldo Porfírio da Silva, genro de Yara Tupynambá e curador da exposição, conta que a artista gostava de sair pelas ruas de Belo Horizonte e registrar imóveis e paisagens.

A casa, então localizada na Avenida do Contorno, no bairro Floresta, ficava em frente a um local onde Yara mandava emoldurar seus quadros. Entre uma encomenda ou outra, ela comprava queijos na venda da família Azevedo.

“Eu lembro bem dessa casa. Íamos sempre lá em frente fazer molduras para os quadros. Eu gostava muito de comprar queijo nessa venda que aparece no quadro. Certamente o imóvel chamou a atenção da Yara. É uma pintura muito colorida e bonita”, contou Geraldo à reportagem.

Foto atual do local onde ficava a casa no bairro Floresta

Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.