Mercado Central, Fórum Lafayette, Praça Raul Soares, Edifício JK, Mercado Novo, sede do Cruzeiro Esporte Clube. O que esses lugares têm em comum? Todos eles ficam no Barro Preto, um dos mais tradicionais bairros de Belo Horizonte.
O jornalista e escritor Chico Brant, 82 anos, lançou em 2022 o livro ‘Barro Preto’, onde reúne suas memórias de morador do local, entre os anos 1950 e 1960, além de ter ouvido diversos moradores e comerciantes.
Em entrevista à Itatiaia, Brant lembra a origem do Barro Preto.
“A região já era conhecida porque minerava-se lá, desde a criação do Curral Del’Rey por João Leite da Silva Ortiz. Era conhecido como um lugar de mineração de ouro, por volta de 1700, ali no início do século 18”
A partir da criação de Belo Horizonte, em 1897, a região tornou-se o destino de vários imigrantes.
“ O Barro Preto se formou com a vinda de imigrantes. A maior parte vinha da Itália, né, mas havia também libaneses, havia alemães e também judeus. Os italianos gostavam, vinham pra cá e uma família trazia a outra, e foram produzindo lá muitas fábricas de calçados e também muitas padarias de nome, de fama na cidade inteira. Tem muitas lojas em sobrados que antes eram ocupadas pelos imigrantes, a parte de cima era a casa deles e embaixo era o negócio, pequenas fábricas de calçados, algumas que se tornaram grandes fábricas.”
E como foi a virada de chave, como o Barro Preto tornou-se um polo da moda?
“Ele passou a ser conhecido, dado exatamente a qualidade da moda que se criou lá, influenciada pelos grandes modistas, hoje eu posso citar o Renato Loureiro e o Camilo Paolielo, que foram nomes de importância da moda mineira, precursores e tinham fama nacional. E se tornou um bairro mais comercial, comércio de confecções e de tecidos também, e aviamentos, etc”, finaliza Brant.
Ao longo desta semana a Itatiaia destaca a era de ouro das confecções do Barro Preto, os impactos da mudança de comportamento do consumidor – que hoje opta por compras online; e os desafios de moradores e comerciantes com a segurança pública e a presença de pessoas em situação de rua.
Amanhã, na segunda reportagem desta série especial, vamos contar a história da Cláudia Rabelo Jeans, loja de fábrica, que produz e revende produtos há quase quarenta anos.