Batidão proibidão durante as altas horas da madrugada, confusão no trânsito e fogos de artifícios. Essa é a realidade das noites sem dormir de moradores do bairro Dom Cabral, na região Noroeste de Belo Horizonte, que denunciam um novo bar na rua Ibirapetinga, como o foco do problema. O local passou a receber eventos de estudantes da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Minas), entre eles, as calouradas. A população também reclama do uso de drogas, sujeira e sexo nas ruas.
“Esse estabelecimento não tem o alvará específico para esse tipo de evento, e tem causado tumulto para todo mundo. Eles deixam as músicas impróprias altas até 4h da manhã. Os estudantes fazem orgias na rua e urinam na porta da casa. A gente liga para a Polícia Militar (PM), a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) já veio aqui e, mesmo assim, eles conseguem o alvará. Queremos resposta”, descreveu uma moradora, que preferiu não se identificar, por medo de represália, à Itatiaia.
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Em um dos vídeos que a reportagem teve acesso é possível ouvir e visualizar o foguetório. “É um barulho ensurdecedor! E, ao lado do bar, tem um lote com muito mato. É perigoso pegar fogo e, do jeito que o tempo está muito seco, as chamas podem chegar até as casas. Lá ao lado mora uma pessoa com filho autista. O menino fica transtornado com o barulho. A gente está na missa, e eles já estão reclamando”, disse.
Um idoso, morador antigo do bairro, que também não quis se identificar, disse o que o trânsito na região também fica complicado. “É um desrespeito com todos os moradores. Está insuportável. Inclusive, o trânsito ainda fica congestionamento. Hoje, um ônibus teve que voltar porque não tinha como seguir”, disse.
A Itatiaia esteve por lá nessa quinta-feira (12) e, por volta das 23h, o som alto ainda tomada conta da rua. Enquanto a reportagem conversava com moradores, uma a operação conjunta da Polícia Militar (PM) com prefeitura foi iniciada no local.
Conforme a PM, as calouradas que ocorriam na rua Guatambu passaram a ser realizadas na rua Ibirapetinga. A corporação disse que está atuando para que a lei seja respeitada.
“Já tem três meses que eles passaram a fazer os eventos nessa outra região do Dom Cabral, desde a abertura desse bar. Estamos fazendo as fiscalizações do estabelecimento e, a prefeitura tem feito esse trabalho de notificações até que haja esse entendimento entre os responsáveis e o cumprimento a adequação das leis municipais”, disse o tenente Samuel, do 34º Batalhão da PMMG.
Fabrício Bruno Brassi, que coordena o Bar do Coreu, negou os transtornos. “Sou o presidente da Associação Brasileira Possuidores Terras Urbanas e Rurais, a qual cede o espaço para o pessoal sair da rua e promover os eventos em um lugar que dará mais suporte humanitário e segurança. A gente sofre uma perseguição: não tem fogos de artifício, estamos apenas com o som. A reunião de pessoas é garantida pela Constituição”, disse.
Ao ser questionado sobre os vídeos que mostram um cenário diferente do descrito por Fabrício, ele argumentou: “A gente não quer desrespeitar. Se tem alguns pontos que têm que ser consertados, faremos isso. Estamos dispostos a fazer o melhor para a vizinhança e para os alunos”, finalizou.
APBH informou, por meio de nota, que o local faz parte do cronograma de vistorias frequentes da equipe de fiscalização de controle urbanístico e ambiental. “O responsável pelo estabelecimento foi autuado pela irregularidade de realização de evento sem licenciamento e com emissão de poluição sonora”, informou a administração municipal.