A mulher de 33 anos que foi presa em Belo Horizonte no mês de junho suspeita de se passar por homem para se relacionar e ameaçar outras mulheres foi indiciada pela Polícia Civil por cinco crimes diferentes. Até o momento, nove vítimas foram identificadas pelos investigadores, mas outras mulheres podem ter sido ameaçadas pela suspeita (relembre o caso no fim da matéria).
A informação foi divulgada nesta terça-feira (6) durante coletiva de imprensa. Karine Tassara, delegada responsável pelo caso, afirma que não é possível classificar o caso como ‘stalking’, assim como aconteceu no caso da ‘Bebê Rena mineira’. Segundo a delegada, a suspeita não criou apenas o alter ego ‘Dyego’, mas também de familiares deste homem.
‘Ela era a criadora do perfil falso do homem que se relacionava com as mulheres e de outros perfis falsos utilizados para exercer controle sobre essas vítimas, que seria de parentes desse personagem online. Ela criou vários personagens online, virtuais, para poder manipular as mulheres e manter um relacionamento afetivo com elas’
‘A suspeita tinha o costume de ir em eventos, visualizar a vítima e as acompanhava. Depois de um certo tempo ela chegava nessa mulher, se identificava com o nome dela e falava que um primo ou cunhado dela a havia achado ‘muito bonita’. Nisso ela pedia o seu contato telefônico. Em outras situações, ela fazia as buscas pelo Instagram’, explica a delegada.
O inquérito foi concluído com o indiciamento da suspeita por cinco crimes: violência psicológica, ameaça, perseguição, uso de documentos de terceiros e uso de falsa identidade. Agora, a Justiça vai decidir se ela vai responder pelos crimes ou não. A suspeita segue presa desde junho.
Quem é ‘Dyego’?
As investigações começaram após uma das vítimas denunciarem as ameaças feitas por Diego, o alter-ego da suspeita. Elas recebiam ameaças de morte, sofriam assédios e, em um dos casos, uma mulher chegou a perder o emprego devido às ligações incessantes da suspeita para o local de trabalho. Em outra situação, uma mulher denunciou que a suspeita teria a perseguido e enviado fotos do portão da casa dela com ameaças. As vítimas têm entre 30 e 40 anos.
A delegada responsável pelo caso, Karine Tassara, explicou que a suspeita afirmou cometer os crimes motivada pelo ódio contra mulheres. “Ela disse que mantinha os relacionamentos porque ela tem ódio de mulheres e porque ela buscava fazer com que as vítimas ficassem à disposição dela e para que elas passassem por situações humilhantes”, esclarece Tassara.
As investigações apontaram que o alter-ego da suspeita foi feito utilizando fotos aleatórias de um homem que ela encontrou na internet. Para as vítimas, a suspeita falava que ele trabalhava como maquinista e, inclusive, colocava sons de trem no fundo dos áudios que enviava para as vítimas.
“Segundo a suspeita, ela não usava nenhum tipo de dispositivo que alterasse a voz dela e a voz dela de fato é uma voz grave. Pelo menos quatro das vítimas afirmaram que praticavam sexo virtual com o Diego, mas ele nunca mostrava o rosto, apenas as partes íntimas”, informou a delegada.
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