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Advogada presa por injúria racial contra funcionário da Azul em Confins (MG) é solta

Luana Otoni de Paula André chamou tripulante de ‘macaco’ e polícia de ‘playboy’ no último domingo (23); ela era presidente da Comissão de Direito da Moda da OAB-MG

Luana Otoni de Paula André, que agrediu um tripulante da Azul no aeroporto de Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte, teve a liberdade provisória deferida após audiência de custódia nessa segunda-feira (24). Conforme o registro policial, nesse domingo (23), ela chamou o funcionário de “macaco”, agrediu-o fisicamente e também ofendeu os policiais que atenderam a ocorrência.

Ela havia sido conduzida e ouvida por meio da Central Estadual de Plantão Digital e autuada em flagrante pelos crimes de injúria, perturbação do trabalho ou do sossego alheio, desacato e vias de fato. Depois, encaminhada ao sistema prisional.

De acordo com o boletim de ocorrência, Luana foi expulsa de uma aeronave da Azul, no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, por “comportamento inadequado”. A passageira tinha embarcado no voo da companhia Azul de código AD2562, previsto para decolar às 13h30 de Belo Horizonte com destino a Natal.

No entanto, antes da decolagem, ela foi retirada da aeronave por comportamento indevido. Na saída, quando já estava no finger (ponte que liga a aeronave à sala de embarque), Luana agrediu o supervisor da companhia aérea e proferiu insultos racistas. O caso foi registrado pela Polícia Federal e também pela Polícia Militar no aeroporto.

O que diz o boletim de ocorrência

Conforme o gerente operacional da Azul no aeroporto, que foi agredido pela passageira, Luana caiu na ponte de acesso ao avião, “demonstrando estar com sintomas de embriaguez alcoólica”. Ele, então, foi ao assento dela, ofereceu atendimento médico e convidou-a a sair da aeronave. Este seria o protocolo da Aviação Civil, segundo o gerente.

Ainda segundo o gerente, o comandante da aeronave acionou o posto médico, mas não houve atendimento. Com isso, o comandante da aeronave proibiu o reembarque da passageira, quando foi chamado por ela de “comandantezinho”.

Fora da aeronave, ela foi informada que seria colocada em outro voo. Ao ter seus pertences restituídos, ela iniciou as agressões, segundo o B.O. Luana proferiu injúrias raciais contra o gerente operacional, chamando-o de “macaco”, “preto”, “vagabundo”. Também menosprezou o cargo dele, que chamou de “empreguinho” e disse “você precisa mostrar trabalho, babaca, você está feliz por ter desembarcado uma patricinha do avião”. Ela, então, começou a dar chutes, socos e tapas no rosto da vítima. Segundo o registro, a vítima não apresentou lesões e dispensou atendimento médico.

Um segundo funcionário da Azul, agente aeroportuário que auxiliava na situação, também foi ofendido pela passageira. Além de confirmar o relato do gerente operacional, ele afirmou que, ao se aproximar de Luana , ela o chamou de “pobre” e “ferrado”.

Os dois funcionários da Azul acionaram a Polícia Federal e a segurança do Aeroporto, pois estavam em área restrita. Toda a ação foi filmada, inclusive as agressões, e os vídeos foram entregues à polícia.

Os policiais que atenderam a ocorrência também foram agredidos verbalmente por Luana. No boletim de ocorrência, relatam que, durante a prisão, eles foram chamados de “playboys que viraram policiais”, “moleques” e “babacas”. Ela recebeu voz de prisão, foi levada ao posto militar para registro da ocorrência e demonstrou estar “muito alterada” e sob efeito de álcool.

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‘Evitar constrangimento’

A Itatiaia tentou conversar com Luana na Delegacia de Vespasiano, mas ela não quis dar entrevista.

No b.o, ela afirma que já estava no avião quando foi surpreendida pelo gerente, que pediu para ela sair da aeronave. Ela alega ter obedecido para “evitar constrangimento”. Ao questionar o motivo para a expulsão, ela foi informada de que estaria bêbada. A passageira afirma que explicou ao tripulante que não podia perder o voo, pois tinha compromisso de trabalho em Natal, e que teria sido retirada pelos braços.

A mulher afirmou, também, que se exaltou ao perceber que não estava sendo ouvida, apesar de argumentar e questionar, e também notou que estava sendo monitorada. Foi quando resolveu sair de perto da equipe da companhia aérea. Ela diz, então, que foi abordada pelos policiais federais, que deram voz de prisão em flagrante.

A reportagem ainda entrou em contato com o advogado de Luana nesta terça (25), mas ele preferiu não se manifestar. O espaço continua aberto.

Ocorrência de agressão foi registrada na Delegacia de Vespasiano, na região metropolitana de BH

O que diz a companhia aérea

Em nota, a companhia aérea Azul disse que vai “repudia veementemente” o caso e que vai “adotar as medidas cabíveis”. Leia a íntegra:

A Azul informa que uma Cliente indisciplinada no voo AD2562 (Belo Horizonte-Natal) foi orientada a desembarcar por comportamento inadequado. No momento do desembarque, a Cliente agrediu física e verbalmente um Tripulante da Azul.

A autoridade de segurança foi chamada para acompanhar o desembarque e, em seguida, os conduziu para delegacia para registrar depoimento e conduzir a apuração do caso.

A Azul ressalta que repudia veemente qualquer tipo de ofensa ou agressão aos Clientes e seus Tripulantes, sendo certo que serão adotadas as medidas cabíveis.

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Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.
Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.