O homem que
Segundo a denúncia, a mãe da criança estava trocando a roupa da filha, quando ela tocou as próprias partes íntimas. Quando questionou a filha do porque ela estava fazendo isso, a menina disse que o pai que a mandava fazer o gesto e a orientava a não contar para ninguém. Após a descoberta, a mãe registrou um boletim de ocorrência.
Em 2019, Marcelio processou a mãe de sua filha por calúnia. Ele contou que tinha um bom relacionamento com a mãe da criança e que reconheceu a menina como filha após o nascimento dela. Marcelio ainda afirmou que não as visitava com frequência, mas que quando ia nunca ficou sozinho com a criança e que todas as visitas eram feitas sob a supervisão da mãe.
Marcelio pediu R$ 5 mil de indenização para a mãe da filha, o que foi julgado como improcedente pelo juiz Elito Batista de Almeida, da 32ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte. Na decisão, o magistrado afirma que a perita não pode concluir que houve abuso em função da ausência de outros elementos.
Apesar disso, o juiz afirmou que não via má-fé na ação da mãe. “Inexiste no feito qualquer elemento que induza a conclusão de que houve denunciação caluniosa ou difamação advinda da requerente contra o autor, mas sim um excesso de zelo de uma mãe que a todo tempo demonstrou o interesse de proteger a integridade física e psíquica da filha”, diz parte da denúncia.
O pedido de indenização foi considerado improcedente pelo magistrado.
Câmeras flagraram assassinato
Em seguida, Marcelio, de camiseta preta, aparece entrando na loja com a arma em punho. Ele passa por um outro funcionário que está de cabeça baixa e não vê o suspeito armado. O funcionário cai e os disparos continuam e são direcionados, inclusive, para a cabeça da vítima.
Segundo a Polícia Civil, Alexandre foi atingido por diversos disparos nas costas e cabeça, e morreu na hora. O corpo do funcionário foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML).
As imagens também mostram o momento que Marcelio entra na concessionária. Depois do crime, testemunhas afirmam que ele saiu calmamente, entrou em um veículo modelo Volkswagen Up e fugiu. Minutos depois, uma equipe da Rotam (Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas) o localizou e o prendeu na avenida Dom Pedro I, em BH.
Os policiais também apreenderam a arma utilizada no crime, um carregador com dois cartuchos cheios e uma faca. À polícia, Marcelio disse que comprou a arma em um clube de tiros por R$ 2 mil, em 2001, e raspou a numeração dela.
Motivação do crime
Questionado da motivação do crime, ele disse que, em 2022, havia feito um reparo no carro na concessionária, no valor de R$ 3 mil, mas o veículo voltou a dar problema. Ao voltar na concessionária para relatar o problema, ele alega ter brigado com a vítima, e disse que Alexandre o tratou de forma “grosseira”.
Marcelio, então, disse que decidiu levar o veículo em uma oficina, onde gastou mias R$ 2,5 mil. Ele conta que decidiu se vingar de Alexandre porque estava desempregado, sem dinheiro e passando por uma situação financeira delicada e, por causa da vítima, teve que gastar R$ 5,5 mil com o carro.
Em nota, o Grupo Líder, proprietário da Concessionária Mila, negou que Marcelio fosse um cliente e disse que desconhece “qualquer episódio que envolva acordo comercial que não tenha seguido os protocolos” (veja nota na íntegra abaixo).
Segundo a Polícia Civil, o filho de Alexandre disse que desconhece qualquer ameaça ou problema relacionado ao pai, quem disse ser “muito trabalhador e honesto”.
Nota da concessionária
“O Grupo Líder, proprietário da Concessionária Mila, se solidariza com os familiares e amigos do colaborador Alexandre Santos Queiroz, que, infelizmente, foi alvejado por disparos de arma de fogo, dentro das instalações da concessionária, enquanto trabalhava, na tarde desta terça-feira.
Cabe ressaltar que o funcionário de longa data da Concessionária, até então, sempre cumpriu com afinco as funções a ele atribuídas.
Sobre o autor dos disparos, cujo nome consta nas investigações e no boletim de ocorrência, o mesmo nunca foi cliente da Mila e desconhecemos qualquer episódio que envolva acordo comercial que não tenha seguido os protocolos e as normas da empresa que sempre prezam pela boa conduta.
Desde o primeiro momento, os funcionários da concessionária que presenciaram o fato estão colaborando com as investigações”.
*Com informações de Renato Rios Neto