O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) vai julgar, nesta quinta-feira (18), um recurso que pede a anulação do julgamento que absolveu Jorge Marra, ex-secretário de Obras de Patrocínio, no Triângulo Mineiro. O irmão do prefeito da cidade, Deiró Marra, é acusado de matar o ex-vereador e então candidato Cássio Remis, de 38 anos, durante uma live em setembro de 2020 (relembre o caso no fim da matéria).
Jorge Marra foi julgado em outubro de 2022 e foi absolvido após alegar legítima defesa, sendo condenado apenas por porte ilegal de arma de fogo. O resultado revoltou familiares e moradores da cidade e, para Márcio Grossi, assistente de acusação, foi ‘o maior erro praticado pelo judiciário’.
‘O Conselho de Sentença absolveu Jorge Marra, contrariando todas as provas. Cássio era advogado, agia nos ditames da lei e não compactuava com as irregularidades praticadas pela família Marra. Foi assassinado com cinco disparos, incluindo dois de misericórdia, quando já estava caído ao solo. A família espera que a Justiça efetivamente faça justiça’.
Marcos Remis dos Santos, pai de Cássio Remis, disse em entrevista à Itatiaia que confia na Justiça e que acredita que os desembargadores do TJMG vão ‘reparar a injustiça’, ou seja, anular a absolvição de Jorge Marra. Ele afirma que as denúncias feitas pelo filho custaram a sua vida e classifica a absolvição do ex-secretário de Obras como ‘uma das maiores aberrações ocorridas neste estado’.
‘Jamais esperávamos que pudessem ter uma decisão nesse sentido. Fosse um homicídio comum, mas não. Cássio remis, advogado, 37 anos, vereador mais novo eleito em toda a história dos 182 anos de Patrocínio. O menino que sempre defendeu as pessoas mais simples foi simplesmente executado dentro de um órgão público e o executante era secretário municipal de obras, irmão do prefeito’.
Relembre o caso
Cássio Remis foi morto na tarde do dia 24 de setembro de 2020. Momentos antes, o então candidato estava fazendo uma live em uma avenida no Centro de Patrocínio. Durante a transmissão ao vivo, ele declarou que funcionários da prefeitura estavam sendo usados para realizar serviços particulares em frente ao futuro comitê de reeleição do prefeito Deiró Marra.
Momentos depois, o irmão de Deiró, o secretário de Obras Jorge Marra, chegou ao local de carro, tomou o celular de Cássio e fugiu em direção à Secretaria de Obras, sendo seguido por Cássio. O candidato tentou pegar o telefone de volta, mas Jorge sacou uma arma e deu vários tiros em Cássio, que morreu no local. Jorge Marra fugiu e só foi preso três dias depois, após se entregar.
O secretário de Obras foi indiciado por homicídio, porte ilegal de armas de fogo e roubo do celular de Cássio. Jorge ficou preso de setembro de 2020 até o fim de outubro de 2022, quando foi absolvido durante júri popular. A decisão, que foi comemorada por familiares de Marra dentro do tribunal, causou revolta nos familiares de Cássio.