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Justiça aceita denúncia contra bombeiro que matou PM em BH

Réu foi denunciado pelo Ministério Público por homicídio triplamente qualificado e pelo crime de racismo

Justiça aceita denúncia conta Naire Assis Ribeiro pela execução do policial penal Wallysson Alves dos Santos Guedes.

A Justiça de Minas Gerais aceitou a denúncia do Ministério Público (MP) contra o bombeiro acusado de matar um policial penal em um bar no bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte, no mês de fevereiro de 2024.

Segundo fontes policiais, Naire Assis Ribeiro teria chegado teria realizado vários disparos contra o policial Wallysson Alves dos Santos Guedes, que estava acompanhado pelo filho.

O bombeiro foi denunciado pelo MP por homicídio triplamente qualificado e pelo crime de racismo. Ele está preso em regime fechado em uma unidade do Corpo de Bombeiros desde o dia 26 de fevereiro.

O juiz Bruno Sena Carmona deu dez dias para réu apresentar resposta a acusação no prazo de 10 dias.

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Relembra o caso

Testemunhas informaram à Polícia Militar que os dois estavam bebendo juntos no bar quando o bombeiro questionou o policial penal sobre o motivo de ele estar armado, iniciando uma discussão.

O bombeiro deixou o estabelecimento para buscar um revólver em sua residência e, ao voltar, efetuou diversos disparos contra o policial penal. Após o ataque, ele fugiu do local em uma motocicleta.

O suspeito foi preso e o revólver calibre 38 foi apreendido pelas autoridades.

Racismo

Antes do ataque, Naire Assis Ribeiro teria denunciado a vítima, por meio do 190, alegando que havia um “negro haitiano” armado no bar na Região Leste de Belo Horizonte (MG) e solicitando o auxílio de uma viatura.

Na conversa, ele expressou a PM não conseguir acreditar que a vítima, um homem negro, poderia ser agente de segurança.

A PM não enviou uma equipe ao local e, pouco depois, o autor teria executado Wallysson.

Veja trechos da conversa com a polícia, por meio do 190:

- Naire: ‘eu sou subtenente, eu tô com uma pessoa aqui falando que é militar aqui, eu acho que ele é haitiano, se identificando como militar, eu queria é…’

- 190: ‘Mas o que ele está fazendo?’

- Naire: ‘se identificando como militar e ele não é militar’

- 190: ‘Entendi, mas e aí senhor? Ele está mostrando distintivo? Ele está cometendo algum crime? Ele está fazendo algum mal para as pessoas?’

- Naire: ‘Oh minha querida, ele tá identificando como militar e ele não é militar, entendeu?’

- 190: ‘Qual característica do indivíduo, senhor?’

- Naire: ‘É negro’

- 190: ‘A única característica que o senhor está me dizendo é que ele é negro?’

- Naire: ‘Lógico, ele é haitiano’

- 190: ‘Mas e aí senhor? Qual é o problema dele ser negro, haitiano? Eu não estou conseguindo entender’

Por fim, Naire voltou a afirmar que Wallysson não poderia ser policial e pediu para que uma viatura fosse até o local. A atendente disse que acionaria o supervisor.


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Formado em Jornalismo pela UFMG, com passagens pelo jornal Estado de Minas/Portal Uai. Hoje, é repórter multimídia da Itatiaia.
Repórter policial e investigativo, apresentador do Itatiaia Patrulha.