Um estudante de 17 anos da Escola Estadual Coronel Elpídio Alves Ferreira, em Salto da Divisa, no Vale do Jequitinhonha de Minas,
Em um áudio que a Itatiaia teve acesso, uma funcionária relata os momentos de muita tensão. “Foi uma cena de terror, foi tudo premeditado”, contou. Na versão dela, o adolescente escolheu a sala onde não havia saída para atear fogo. “Lá, não tem lugar para correr. Eu estava na supervisão quando ouvi o povo fala: ‘gente, tá pegando fogo’ e vi aquela fumaça preta”, disse.
Ela relatou que, nesse momento, começou a correria. “Quando cheguei no parque, vi um menino com a faca. Cheguei na frente dele e ele não me enxergou. Voltei correndo”, contou. Tomada pelo desespero, ela entrou em uma das salas e ordenou os alunos a fecharem as portas. “Falei: ‘liga para a polícia’ e apagamos as luzes”, se emocionou ao lembrar.
Conforme o Boletim de Ocorrência (BO), o adolescente estava sentado em um dos corredores da escola, quando se deslocou a uma sala vazia e tirou da mochila um frasco de plástico contendo álcool, jogou em uma das cortinas e ateou fogo com um isqueiro.
Ainda da mochila, o jovem tirou duas facas e seguiu em direção a outra sala. Nela, começou a atacar as vítimas que ali estavam. Ele atingiu uma delas e depois correu para outra sala, atingindo mais duas pessoas. Após as agressões, começou a se lesionar, até que o diretor o conteve até a chegada da corporação.
As vítimas
Segundo o B.O., as vítimas são um aluno de 16 anos, que sofreu escoriações no pescoço, provocadas pelos golpes de faca, uma funcionária, que sofreu um corte no lado direito das costas, onde levou quatro pontos, e outra mulher, que sofreu ferimentos superficiais nas costas.
No hospital, o jovem recebeu atendimento de uma psicóloga, que percebeu, nele, sinais de esquizofrenia. Ainda segundo o B.O., o suspeito assumiu que se sente sozinho e que o plano era matar alguém e depois tirar a própria vida.
O estudante foi medicado com calmantes e levou pontos nos lugares onde se feriu. Ainda segundo o médico, o autor apresentava um quadro de perturbação mental.
De acordo com o médico de plantão, que atendeu as vítimas, nenhuma delas apresenta risco de morte. Elas foram medicadas e liberadas.
Diretor
Em nota, a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE) informou que o diretor da escola agiu prontamente ao perceber a situação e conteve imediatamente o estudante envolvido.
“A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) foi acionada e compareceu ao local para tomar as devidas providências. Os estudantes feridos foram encaminhados prontamente para o hospital, onde receberam atendimento médico adequado e, em seguida, foram liberados”, diz o texto.
A pasta informou também que a Superintendência Regional de Ensino (SRE) de Almenara, responsável pela coordenação da escola, ‘acompanha de perto a situação e prestando o apoio necessário à comunidade escolar. As atividades pedagógicas da unidade de ensino seguem normalmente nesta quinta-feira e a PMMG permanece no local para garantir a segurança de todos no ambiente escolar’.
“Profissionais do Núcleo de Acolhimento Educacional (NAE) da SEE/MG realizarão uma ação de acolhimento e diálogo, oferecendo atendimento psicossocial aos servidores e estudantes para fornecer o suporte e acolhimento necessários a toda a comunidade escolar. A SEE/MG reforça que desenvolve iniciativas que estimulam a conscientização dos estudantes acerca da diversidade e do respeito às diferenças, com o objetivo de orientá-los no enfrentamento e combate à violência de forma geral no ambiente escolar. Entre essas iniciativas, destaca-se o Programa de Convivência Democrática, que visa garantir os direitos humanos nos territórios educativos, além de promover a cultura da paz, respeito às diversidades e a promoção de uma escola acolhedora”, acrescenta o texto.
A nota informa ainda que “iniciou também a implementação do Projeto Socioemocional, visando promover ações de ensino-aprendizagem voltadas para a melhoria do convívio entre os estudantes, com o objetivo de reduzir situações como bullying e violência escolar. O projeto busca estimular o diálogo, o respeito, a empatia, a inclusão e a amizade, contribuindo significativamente para o aprimoramento do clima escolar”.