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Menina que caiu de parapente sofre novo acidente em Sete Lagoas; piloto fica ferido

Adolescente de 13 anos e piloto foram derrubados por corrente de ar no momento da decolagem no sábado (24); no dia 11, ela voava de parapente quando o piloto teve um mal súbito e morreu durante o voo

Dafiny e a mãe, Karine, reclamam de ataques sofridos na internet

A adolescente de 13 anos que sobreviveu a uma queda de parapente no dia 11 de fevereiro, na Serra de Santa Helena, em Sete Lagoas, na região central de Minas, sofreu um novo acidente ao tentar voar no sábado (24). Na primeira vez, o piloto Gilberto Araújo, de 50 anos, teve um mal súbito durante o voo e morreu no ar. O parapente parou em uma árvore e a jovem conseguiu chegar ao solo sem ferimentos.

No sábado (24), ela voaria com o piloto Sérgio Costa, amigo de Gilberto, quando uma corrente de ar os derrubou em um talude próximo à pista de voo no momento da decolagem. Bombeiros, Samu e a Polícia Civil foram acionados. Segundo o boletim de ocorrência, eles teriam caído de uma altura de “aproximadamente cinco metros”.

Conforme o BO, o local não era de difícil acesso e o socorro foi imediato. Segundo a PC, as vítimas estavam conscientes, a garota se queixava de dores na região pélvica e na clavícula. Sergio sentia dores no peito. “Foram imobilizadas no local da queda, em prancha longa e conduzida para a unidade de resgate do Samu”, aponta o registro.

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A mãe da jovem, Karine do Carmo, afirma que distorções a respeito do que realmente aconteceu estão abalando psicologicamente a menina, que não quer mais sair de casa e tem tido crise de choro constantes.

O caso ganhou repercussão nacional porque no último dia 11, a jovem foi convidada pelo piloto Gilberto Pereira Araújo, de 50 anos, para fazer um voo de parapente, depois dela ter dito a ele que ‘sonhava em voar no equipamento’. Só que o profissional acabou tendo um mal súbito e faleceu ainda no ar. Por sorte, o parapente plainou e o impacto da queda foi amenizado por uma árvore. Dafiny nada sofreu.

O encontro com Sérgio

Karine contou à Itatiaia que elas conheceram o piloto Sérgio Costa, no velório de Gilberto. Eles eram amigos de infância. Uma semana depois, Costa entrou em contato se oferecendo para proporcionar uma nova experiência no parapente à Dafiny para que ela não crescesse com o trauma. “Com a minha autorização e a do pai dela, fomos para o Clube de Voo no último sábado bem cedinho. Só estávamos nós lá. Portanto, só nós sabemos o que, de fato, aconteceu”, relatou Karine que é pastora evangélica e doceira.

Segundo ela, Sérgio e Dafiny ainda se preparavam para a decolagem quando um vento forte jogou o equipamento cerca de um metro e meio para o lado. “Como o terreno é inclinado, eles tiveram algumas escoriações e, por precaução, chamamos o Samu. A Dafiny não teve nenhuma fratura e o Sérgio foi internado para realização de exames de raio x. Ele está bem, só um pouco triste e frustrado, claro, por sua tentativa de ajudar não ter dado certo. Mas não foi nada demais”.

Apesar do registro policial, Karine nega que tenha havido um segundo acidente. “Dizer que minha filha caiu novamente do parapente é uma fake news porque eles não chegaram a sair do solo, apenas foram jogados para o lado”, reiterou.

Ataques na internet

O problema é que informação de um novo acidente inflamou os chamados “haters” da internet, pessoas que agem impulsionadas por um sentimento de ódio gratuito. Karine contou que, tanto ela como a filha têm sido achincalhadas na Internet. “A mim chamam de irresponsável e me acusam de estar querendo aparecer. E sobre minha filha, dizem que é ela ‘um demônio disfarçado de anjo’, ‘um instrumento do mal’ e que ‘se ela estiver no mesmo ônibus que você, é melhor descer” e por aí vai’.

Karine faz um desabafo: ‘Ela está arrasada e eu estou impressionada com a maldade das pessoas. Não queremos like, não queremos nada. Apenas viver em paz e poder sair às ruas novamente para vender nossos cones de chocolate porque vivemos disso. Ninguém pergunta como estamos depois do que aconteceu”.A pastora ainda lembrou caso recente de outra adolescente mineira que teve seu nome envolvido em fake news com o comediante Whindersson Nunes e que terminou de forma trágica. “Parece que as pessoas não aprenderam nada”, lembra.

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Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.