A cientista Beatriz Hörmanseder viralizou nas redes sociais ao compartilhar uma descoberta inusitada. Ela identificou fósseis no piso da Casa Sapucaí, uma boate no bairro Floresta, na região leste de Belo Horizonte. Segundo a cientista, as manchinhas escuras presentes na pedra são estromatólitos - uma das primeiras formas de vida do planeta.
“Estromatólitos são colunas de várias camadas de bactérias que vão se empilhando. Os estromatólitos estão no nosso planeta há 2,4 bilhões de anos e são responsáveis pelo oxigênio que a gente respira. Antes disso não tinha oxigênio”, diz.
@bhor3d Achei fósseis na Casa Sapucaí, em Belo Horizonte, MG. . #cientistasnotiktok #paleontologia #ciencia #fossil #nonbinary
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Rochas eram usadas como revestimento
Mas como os estromatólitos vieram parar no piso de uma boate em BH? Hörmanseder explica que muitas rochas com esses fósseis foram utilizadas para a ornamentação de prédios históricos e antigos.
"É bem comum você encontrar esses fósseis em mármores desses edifícios, como, por exemplo, esse da Casa Sapucaí, em Belo Horizonte. Se você é do Rio de Janeiro ou vai para o Rio de Janeiro, visite o CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) e dê uma olhada nas paredes. Os estromatólitos de lá datam de 2,1 bilhões de anos e são provenientes de Ouro Preto, em Minas Gerais”, conta.
O professor e pesquisador de petrologia da Universidade Federal de Minas Gerais, Antônio Gilberto Costa, o principal local de extração de rochas com estromatólitos ficava em Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto.
“Existem dois tipos de estromatólitos, os vivos e os fósseis. Em Minas Gerais só temos fósseis. Aqui, os mais antigos tem pouco mais de dois bilhões de anos. Os mais antigos estão em Cachoeira do Campo, que pertence a Ouro Preto. Ali existia uma pedreira que extraía essas rochas para serem usadas em revestimento”, explica.
Segundo Costa, o uso de pedras com estromatólitos era comum no século XX. “Essas rochas são muito bonitas e foram bastante exploradas no século passado. Hoje, todos os locais de extração de rochas estão fechados, mas ainda há muitas rochas com estromatólitos”, afirma.
No vídeo, Hörmanseder explica que as manchinhas do piso são redondas, pois são as colunas do estromatólitos cortadas ao meio. "É como se a gente pegasse essa coluna, cortasse no meio e olhasse de cima. Igual um tronco. Se olhar de cima, fica redondinho”, esclarece.
Boate homenageou descoberta
O vídeo em que a cientista explica sobre a descoberta já bateu mais de 62 mil visualizações no “X” (antigo Twitter) e 18 mil curtidas no TikTok. Para comemorar a descoberta, a organização da boate criou uma festa chamada “A Festa Mais Antiga do Mundo”, que acontecerá nesta sexta-feira, dia 8 de dezembro.
Na publicação de divulgação da festa temática, o perfil da Casa Sapucaí no Instagram escreveu: “Passei o dia observando os fósseis aqui e tive uma ideia muito boa! Vamos aproveitar o feriado para comemorar a descoberta de uma nova festa, só que antiga”.
