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Fila de caminhões na MG-020 causa transtornos no trânsito e provoca uma morte

Uma mulher perdeu a vida depois de bater o carro na traseira de um caminhão que estava estacionado próximo a um posto de gasolina

As filas causam problemas para quem passa pelo trecho

Há pelo menos dois meses, quem passa pela rodovia MG 020, na altura dos bairros Monte Azul e Maria Tereza, na região Norte de Belo Horizonte, encontra filas de carretas e caminhões estacionados no acostamento do sentido Santa Luzia. A reportagem da Itatiaia percorreu nessa quarta-feira (25) essa região, e encontrou pelo menos 20 carretas paradas, a maior parte transportando minério, estacionadas em 3 pontos diferentes da rodovia.

O motivo, segundo os próprios caminhoneiros, é um novo aplicativo de organização das filas para a entrega das cargas, chamado “Trato”, que é usado pela empresa VLI, que tem um terminal em Santa Luzia. Para entrar na fila pelo aplicativo, o caminhoneiro precisa estar a mais de 2 quilômetros da empresa. Os motoristas não encontram lugar para parar lá perto, e por isso começaram a usar o acostamento.

Isso está causando transtorno para os motoristas nesse ponto, desde ocorrências menores, como um ônibus que ficou sem espaço e perdeu o retrovisor, até um acidente que resultou em morte. Na terça-feira, uma mulher perdeu a vida depois de bater o carro na traseira de um caminhão que estava estacionado próximo a um posto de gasolina perto da entrada de Santa Luzia. Um funcionário desse posto, que não será identificado, conta o que tem visto.

“Eles ficam parados fora do acostamento e já estava previsto uma tragédia, todos estavam esperando isso. De uns dois meses para cá parece que isso piorou, mas vejo que isso acontece há muito tempo. A empresa precisa tomar uma providência”, relata

Essas filas de carretas estacionadas também tem causado transtorno para os ciclistas, que têm que ir pro meio da rodovia para passar. É o caso do Alexandre Valadares, que é professor e vai de bicicleta para o trabalho, passando por ali todos os dias.

“Isso causa transtorno, principalmente para quem é ciclista por que você tem que andar no meio da rua por quase 300 metros, pros motoristas também, principalmente para veículos menores, se estiver passando juntamente com um caminhão”, afirma.

A nossa reportagem conversou com 6 caminhoneiros que estavam parados na MG 20 sobre esse problema, e todos confirmaram que a causa é o aplicativo que organiza as filas. Eles dizem que não gostariam de ter que ficar parados no acostamento, mas que não têm outra opção, Porém, a maioria não quis gravar entrevista, com receio de sofrer represálias da empresa. Com a condição de não ser identificado, um caminhoneiro afirma que sabe que está errado de parar com a roda fora da linha do acostamento, mas defende que nada o impede de ficar parado ali.

“Não temos banheiro, não temos assistência nenhuma aqui, a gente acaba até sujando a rodovia. Estamos a horas aqui precisando de um banheiro e não temos, acaba que precisamos fazer ao redor do caminhão, é uma coisa chata, pode passar pedestre e ver a cena. É complicado”, completa.

Posicionamento DER

Em nota, o DER, responsável pela rodovia, afirmou que iria fiscalizar esse trecho. Já a VLI, que administra o Terminal Integrador Santa Luzia, disse que as filas são resultado do descumprimento dos horários agendados pelo aplicativo. A empresa afirma que orienta os motoristas a chegarem antes do horário previsto e que procurem um local permitido, seguro e sem impactos ao trânsito para aguardar o atendimento.

Formado em jornalismo pela PUC Minas, foi produtor do Itatiaia Patrulha e hoje é repórter policial e de cidades na Itatiaia. Também passou pelo caderno de política e economia do Jornal Estado de Minas.