A demissão em massa de funcionários iniciada pela 123 Milhas nesta segunda-feira (28) abrange 80% dos cerca de dois mil trabalhadores da empresa. A informação é de uma fonte da Itatiaia que acompanha o processo. A reportagem apurou ainda que a agência garantiu aos trabalhadores o pagamento do salário deste mês, mas sem a certeza de quitação da rescisão trabalhista (como FGTS e outros direitos).
Iniciado de maneira inesperada, o desligamento atinge empregados de vários setores e níveis hierárquicos da agência, que tem sede no bairro Funcionários, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Na porta do prédio, foi possível presenciar dezenas de funcionários deixando o local.
Esse foi o caso do designer gráfico Rafael Bezerra, de 30 anos. “A gente veio trabalhar e recebemos a comunicação que fomos demitidos. Era uma empresa grande. A gente não sabe se todo mundo foi demitido, mas, pelo menos nos setores que temos contato, foi todo”, contou.
Ele contou que era o supervisor da equipe e disse que trabalhava diretamente com outros 30 colegas. Nesta manhã, Rafael foi surpreendido pelo chamado dos Recursos Humanos (RH).
Rafael relatou os momentos de tensão nos últimos dias. Isso porque, no último 18 de agosto, a empresa disparou uma nota para os clientes informando que não emitiria as passagens e os pacotes da linha promocional com previsão de embarque entre setembro e dezembro. “Nós não estávamos sabendo de nada. Não tivemos nenhuma instrução, ficamos alguns dias homeoffice. Estávamos vivendo com a incerteza”, completou.
Ele complementou dizendo gostar do emprego na agência. “Era muito boa, os colegas de trabalho eram ótimos. O que fica é o sentimento de perda.”
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A 123 Milhas informou, por nota, que iniciou “um plano de reestruturação interna, com redução do tamanho da equipe para se adequar ao novo contexto da empresa no mercado.”
A empresa ainda disse que essa foi uma decisão “difícil” e faz parte das medidas para” mitigar os efeitos da forte diminuição das vendas”. Por fim, disse que “a empresa está trabalhando para, progressivamente, estabilizar sua condição financeira”.
Os ministérios da Justiça e Segurança Pública e do Turismo devem investigar a atuação da empresa e o cancelamento dos serviços negociados para garantir a reparação dos danos aos clientes.
Os irmãos Ramiro Júlio Soares Madureira e Augusto Júlio Soares Madureira, dois dos três sócios à frente da 123 Milhas, têm depoimento marcado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras para a próxima terça-feira (29).
Eles serão ouvidos 11 dias após o grupo informar aos clientes que as passagens aéreas adquiridas não seriam emitidas, e os valores pagos pelos pacotes devolvidos por meio de vouchers parcelados — contrariando, aliás, o Código de Defesa do Consumidor que prevê a opção de devolução também em dinheiro.
Empresa controlada pela 123 Milhas sai do ar
A Hotmilhas suspendeu temporariamente o serviço de compra e venda de milhas em seu site. E empresa informou, por meio de nota, que a queda das vendas da 123 Milhas provocou o atraso no pagamento a clientes previsto para a última sexta-feira (25).
“A empresa está fazendo todos os esforços possíveis para regularizar a situação e honrar os compromissos firmados. A Hotmilhas é referência no mercado e espera contar com a confiança de seus clientes para superar essa situação”, finalizou.
*com informações de Clever Ribeiro