Mil cento e oitenta e nove testes de cães para leishmaniose deram positivo em Belo Horizonte entre janeiro e abril deste ano. No ano passado, foram 4.077 casos. Os números se referem aos animais examinados pelo laboratório de Zoonoses da capital mineira. O número é ainda maior, já que muitos tutores optam pelos exames na rede particular.
A doença volta a preocupar, já que o laboratório Ceva Saúde Animal suspendeu, temporariamente, a venda de vacinas contra a doença por problemas observados em seis lotes. A Leish-Tec é a única vacina autorizada no Brasil para combater a doença em animais de estimação. Entretanto, o Ministério da Saúde não disponibiliza a vacina contra a Leishmaniose para a rede pública.
O que é a leishmaniose e como a doença é transmitida?
De acordo com o Ministério da Saúde, a Leishmaniose Visceral é transmitida por meio da picada de insetos conhecidos popularmente como mosquito-palha, asa-dura, tatuquiras, birigui, dentre outros.
A transmissão acontece quando fêmeas infectadas picam cães ou outros animais infectados, e depois picam o homem, transmitindo o protozoário Leishmania chagasi, causador da doença.
Por que a vacina foi suspensa?
A Leish-Tec é usada para a prevenção da doença e, também, no tratamento de animais já infectados. O medicamento, recomendando para em cães a partir de 4 meses, é aplicado em três doses, com intervalos de 21 dias.
A vacina é a única vacina autorizada no Brasil para combater a doença em animais de estimação. Segundo o fabricante, foram identificados “desvios” — erros de fabricação — nos lotes recolhidos. No entanto, não foi detalhado o problema.
“Os desvios podem ser qualquer diferença entre o que foi protocolado e autorizado na produção da vacina e o encontrado em lotes avaliados”, explicou a Ceva. A empresa informou que está investigando as razões dos desvios para corrigir a situação.
Afinal, quais as consequências da suspensão na vacina?
O médico veterinário José Lasmar alerta para as consequências da suspensão da vacina por tempo indeterminado. “Se o tutor não encontrar a vacina no momento de aplicar a dose de reforço, ele vai precisar repetir o protocolo. Isso porque essa vacinação não pode ocorrer atraso”, disse o especialista. “Infelizmente, é a única (autorizada) no Brasil”.
Até que a situação seja regularizada, o especialista orienta: “é preciso aumentar a precaução com relação ao mosquito da Leishmania. Para isso, é importante a utilização de coleiras ou repelentes no animal”, acrescentou.
Quais são as ações da prefeitura?
A prefeitura disse que conta com equipes específicas de controle da doença, com distribuição de Agentes de Combate a Endemias (ACE) em todas as regionais.
“As ações são direcionadas segundo a realidade epidemiológica existente, com realização de coleta de sangue canino, controle químico do vetor e repasse de informações sobre a prevenção da doença”, informou.
Laboratório
A Itatiaia entrou em contato com o laboratório da Leish-tech para detalhar os problemas observados e aguarda retorno.
(com informações de Luiz Otávio Peçanha)