Os controversos tratamentos estéticos com terapias hormonais a partir de anabolizantes e esteróides androgênicos – popularmente conhecidos como ‘chip da beleza’ e ‘bomba’ – estão proibidos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). A determinação foi publicada nesta terça-feira (11) no Diário Oficial da União.
A utilização de hormônios para melhoria de desempenho esportivo também está proibida. O órgão justificou a decisão por falta de evidências científicas que comprovem o benefício e a segurança dos pacientes.
“O uso indiscriminado de terapias hormonais com EAA [esteroides androgênicos e anabolizantes], incluindo a gestrinona, com objetivos estéticos ou para o ganho de desempenho esportivo, é hoje uma preocupação crescente na medicina e para a saúde pública”, detalha a relatora Annelise Menegusso, membro do CFM.
“De acordo com as mais recentes evidências científicas, não existem benefícios notórios que justifiquem o aumento exponencial do risco de danos possivelmente permanentes ao corpo humano em diferentes órgãos e sistemas com sua utilização”, pontuou.
Segundo o Conselho Federal de Medicina, as doses inadequadas de hormônio são perigosas e podem desencadear efeitos colaterais graves, como hipertrofia cardíaca, infarto agudo do miocárdio, doenças hepáticas, infertilidade e disfunção erétil.
Popularização da busca pelo “chip da beleza”
Recentemente, a ex-BBB Juliette e a influenciadora Virgínia Fonseca apareceram entre os assuntos mais comentados da internet após uma conversa sobre o uso do “chip da beleza”, no podcast “PodCats”.
A ex-BBB desconfiou quando a blogueira falou que o “chip”, além de ser contraceptivo, ajudaria a ganhar massa muscular e a diminuir as celulites. Incrédula, Juliette questiona: “sua vida mudou assim com esse Chip?”.
Confira o momento:
O “chip”, entretanto, não é regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária para o uso citado por Virgínia, como esclarece Flávia Coimbra, presidente da regional mineira da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. “O que existe são os implantes hormonais que podem ser utilizados para fins terapêuticos, como tratamento da endometriose. Mas, após a resolução, para fins estéticos esses implantes não podem ser mais prescritos”, pontua.
Além disso, a médica explica que esses implantes podem colocar a saúde dos pacientes em risco. “Hormônios não devem ser manipulados da forma que está sendo feita e não se sabe o que esses chips contêm”, afirma Flávia.
Abuso de tratamentos hormonais ilícitos
Em nota, o Conselho Federal de Medicina detalhou que os tratamentos hormonais ilícitos estão crescendo no Brasil. Segundo a entidade, esse aumento é percebido, principalmente, na prescrição de hormônios do crescimento (GH) usados por amadores e profissionais para aumentar o rendimento nos treinos.
A ampliação do uso indiscriminado dos tratamentos hormonais movimentou a comunidade médica, o que levou os conselhos de Endocrinologia e Metabologia, de Medicina do Esporte e do Exercício, de Cardiologia, de Urologia, de Dermatologia, de Geriatria e Gerontologia e as federações brasileiras de Gastroenterologia e das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, emitirem uma nota conjunta que pedia a regulamentação desses tipos de terapias. Foi o que motivou a decisão do CFM.
De acordo com Flávia Coimbra, o controle e a regulação dos tratamentos hormonais serão feitos a partir das receitas médicas. “Os médicos prescreverem algum tratamento hormonal para fim terapêutico deverão colocar o CID da doença (Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde) e o CPF deles para que a receita possa ser aceita pelo farmacêutico”, explica.
Na decisão, o Conselho Federal de Medicina também proibiu a adoção experimental de terapias hormonais sem autorização dos órgãos competentes. Outro impedimento imposto pelo órgão é a proibição da realização de cursos, eventos e publicidade que estimulem o uso dos tratamentos terapêuticos hormonais com finalidade estética, ganho de massa muscular e melhora na performance esportiva.
(Sob supervisão de Lara Alves)