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Moradores dividem opinião sobre suspensão de voos no Carlos Prates: ‘no dia da mentira? Eu duvido’

A decisão foi tomada depois do acidente do fim de semana e começa a valer no dia 1º de abril

A área do Aeroporto será repassada à prefeitura da capital mineira

O Governo Federal, por meio do Ministério de Portos e Aeroportos, confirmou nesta terça-feira (13) a suspensão de pousos e decolagens no Aeroporto Carlos Prates, na região Noroeste de Belo Horizonte, a partir do próximo dia 1º de abril.

Moradores do bairro têm opinião dividida. De um lado, aqueles que respiram aliviados com a interrupção dos voos sobre as casas. Do outro, belo-horizontinos questionam o encerramento das atividades de forma “repentina” e que preferiam a manutenção do aeorporto-escola. E ainda há aqueles que não acreditam que a medida será tomada, apesar do anúncio.

“Vai ser desativado mesmo? Eu torço para que sim. Mas, no dia 1º de abril, dia da mentira? Eu duvido que a gente consiga tirar esse pessoal daqui assim. Não vai ser fácil não”, diz Solange Magalhães Firmo, 57 anos, que vive no bairro Jardim Montanhês. Ela teve a casa atingida pelo avião que caiu no último sábado (11) e matou o piloto e deixou uma mulher gravemente ferida.

“Essa decisão é a luta de mais de 20 anos da comunidade da região Noroeste. Nós esperamos que o governo não volte atrás, movido pela pressão e o lobby dos donos de empresa de avião que operam ali”, avaliou Munish Prem, do Coletivo Cultural Noroeste.

Ele pontua que não é contra as escolas de avião, mas acredita que a área deve ser melhor utilizada. “Nós, a sociedade civil, estamos pagando para que uma minoria privilegiada - donos de aviões/ helicópteros e empresas de táxi aéreo - se beneficie”, acrescentou.

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Estevan Velasquez, presidente da associação Voa Prates e diretor de uma escola de aviação, desaprova a desativação.

“Esse aeroporto é importantíssimo para a cidade e para o estado. Vale lembrar que esse é o segundo aeroporto mais movimentado de Minas. Isso vai ser perdido de supetão sem que seja dada nenhuma solução”, afirmou. “Nós temos parceria que gostariam de integrar escolas profissionalizantes, escolas técnicas para a área da aviação”, completou.

Aeroporto, só até abril

A decisão foi tomada depois do acidente do fim de semana. A área do aeroporto será repassada à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), que apresentou um projeto de construção de casas populares e de um parque municipal no local.

A decisão sobre o aeroporto foi comemorada por Fuad Noman nesta terça-feira (14). “Daremos um basta nos acidentes no local. Agradeço aos ministros”, publicou no Twitter.

Nessa segunda-feira (13), o governador Romeu Zema (Novo) afirmou que considera preocupante os recorrentes acidentes e defendeu a criação de um parque ecológico para melhorar a qualidade de vida dos bairros vizinhos.

Aeroporto foi criado em terreno de fazenda

O aeroporto foi criado em um terreno da fazenda Celeste Império, que era propriedade do Coronel Alípio de Melo. O objetivo era atender ao Aeroclube do Estado de Minas Gerais, grupo que formava pilotos para aviação civil e militar, que antes funcionava no Aeroporto da Pampulha.

Ainda na década de 1970, após vários acidentes com mortes, surgiram as primeiras reclamações e alertas sobre o perigo que o aeroporto representava para os bairros vizinhos. Desde a década de 1990, pelo menos nove acidentes graves foram registrados na região.

Retirada do avião foi de ‘alta complexidade’

Os destroços do avião já estão na cidade de Pará de Minas, no Centro-Oeste do estado. O trabalho para remoção do avião durou todo o dia de ontem e foi considerado de alta complexidade. O monomotor foi retirado de uma casa por um guindaste, e como a aeronave estava cercada por fios, a energia da região teve que ser cortada.

Na rua, o avião foi todo desmontado, colocado em um caminhão prancha e depois levado para a cidade onde funciona a oficina da empresa da aeronave.

Jornalista graduada pelo Centro Universitário Newton Paiva em 2005. Atua como repórter de cidades na Rádio Itatiaia desde 2022
Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.