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Polícia Civil investiga caso de desaparecimento de menina de 1 ano e 9 meses em Contagem

A avó teria levado a criança para Carmópolis de Minas, mas não fez contato desde então

Pais estão sem ver a filha desde o dia 15 deste mês

Os pais de uma menina de 1 ano e nove meses denunciam o desaparecimento da filha há 12 dias e apontam a avó materna como responsável pelo sumiço. O caso ocorreu no bairro Bandeirantes, em Contagem, na Grande BH. Os pais, Júlio César Souza e Karen Nascimento, registraram pelo menos cinco boletins de ocorrência nas polícias Civil e Militar.

Procurada pela Itatiaia, a Polícia Civil informou que, com base nas ocorrências registradas pelos pais da criança, instaurou “procedimento para apurar eventual prática de subtração de incapaz, crime previsto no artigo 237 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e esclarece que a questão envolve guarda da menor com processos judiciais em curso. A equipe da 4ª Delegacia de Polícia Civil em Contagem está em diligências para localizar a criança, e em razão do sigilo inerente à condição da vítima, as informações deste caso serão preservadas pela Polícia Civil”.

O pai da menina é instrutor em uma empresa de telecomunicações enquanto a mãe é supervisora numa firma de engenharia. Em entrevista à Itatiaia, ela disse que viu a filha pela última vez no dia 15 de fevereiro, na casa da avó materna, mãe adotiva de Karen.

Karen explica que ela e o marido sempre deixavam a filha com a avó, para poderem trabalhar. Só que, no dia 15, teria havido uma briga entre o marido dela e o irmão de Karen, que mora na casa com os pais, e eles teriam se recusado a devolver a menina. “Os ânimos estavam exaltados, meu irmão nos fez várias acusações infundadas e resolvemos ir embora e voltar depois, quando as coisas estivessem mais calmas”, relatou.

Ainda conforme Karen, no dia seguinte, o casal foi informado pelo avô que a avó teria viajado com a menina para Carmópolis de Minas e que voltaria no último dia 24, o que não aconteceu. “Não temos parentes nessa cidade, minha mãe parou de responder mensagens e não atende o celular. Estamos desesperados, sem conseguir dormir, trabalhar e nos alimentar direito. Nossa vida parou”, diz Karen.

Desde então, o casal tem perambulado entre o Conselho Tutelar, o Ministério Público, a Polícia Civil e a Defensoria Pública. “Estamos sendo muito bem atendidos por todos os órgãos, especialmente a Defensoria. Uma representante do Conselho Tutelar nos relatou ter informado para minha mãe que ela não pode se apossar da minha filha dessa forma porque a criança tem pai e mãe e que ela poderia, inclusive, responder criminalmente por isso. Mas não adiantou porque minha mãe teria respondido que entraria com um processo pela guarda da menina”.

Karen acredita que a mãe “esteja obcecada pelo amor da criança”, que é a primeira neta. “Fui alertada por essa representante do Conselho Tutelar que minha mãe fará de tudo para nos tomar a menina, por ter desenvolvido um amor desmedido por ela. Precisamos realmente de ajuda”.

Júlio, pai da criança, contou que eles “estão no limite da angústia e do sofrimento”, sem notícias da filha e que essa situação é totalmente absurda, uma vez que sempre cuidaram bem da menina, que tem plano de saúde, brinquedos, remédios e tudo que é necessário para seu bom desenvolvimento. “Somos felizes, somos uma família bem estruturada. Só queremos nossa menina de volta”.

Boletim

A Itatiaia teve acesso aos boletins de ocorrência registrados pelo casal. Um dos registros descreve que Karen e Júlio apresentaram uma decisão judicial para avó entregar a criança.

“Ressalto que o referido mandado veio a ser cumprido na data de ontem, dia 20/02/2023, mas não obteve êxito, uma vez que os genitores e os oficiais de Justiça foram informados pelos moradores do local, alvo do mandado, que a avó havia viajado para o município de Carmópolis de Minas, mas não souberam dizer o local exato onde ela estaria com a menor. Sendo assim, diante dessa situação, registra-se esse evento para que as medidas cabíveis possam ser tomadas”, diz trecho do documento, que está sob sigilo de Justiça.

Outro lado

A reportagem da Itatiaia tentou, por diversas vezes, contato com a avó da criança. No entanto, o telefone está desligado. Ela também não respondeu às mensagens enviadas via aplicativo de mensagem.

Também não foi possível localizar o avô da menina. Porém, em um dos boletins de ocorrência registrado sobre o assunto, ele “pediu para relatar que sua advogada protocolou um pedido de guarda da criança para fim de solucionar tal problema que já se arrasta até o mês corrente. O senhor ainda relata que tal impasse ocorreu após descobrir que Karen, sua filha, havia feito um empréstimo indevido em teu nome. Assim, vem atormentando quanto a requerer a guarda da criança, pois antes, nunca haviam tido problemas”, alegou o avô no registro policial.

A Itatiaia procurou o Conselho Tutelar de Contagem e aguarda posicionamento.

A Defensoria Pública de MG informou que “o caso ocorre em segredo de justiça, como todos os processos envolvendo menores de idade e, desta forma, a Defensoria tem por obrigação não se manifestar. A Defensoria de Minas seguirá acompanhando e atuando junto à Vara de Família, tomando todas as providências cabíveis.”

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.



Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.