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Namorado da mãe de crianças abandonadas em Belo Horizonte tem pedido de liberdade negado

Itatiaia teve acesso à decisão judicial; suspeito é filho da avó adotiva das crianças - que é procurada pela polícia

Crianças estavam há três dias sem comer

O caso envolvendo maus-tratos e abandono de duas crianças, de 6 e 9 anos, na última terça-feira (21), e a morte do irmão delas no começo do mês, ainda é cercado de mistério. A mãe das vítimas está presa desde 6 de fevereiro pelo crime. A reportagem da Itatiaia apurou que o namorado dela também foi preso no dia seguinte por suspeita de participação no crime e, no último dia 17, teve o pedido de revogação da prisão preventiva negado pela Justiça.

“O Ministério Público se manifestou contrariamente ao requerimento de liberdade”, destaca trecho da decisão. “Analisando detidamente os autos, vejo que a prisão preventiva do requerente foi decretada com fundamento na garantia da ordem pública e da conveniência da instrução criminal, diante os indícios de materialidade e autoria delitiva do crime previsto no art. 121”, ressaltou o juiz Gustavo Cesar Sant’Ana, da vara criminal da comarca de Igarapé.

Conforme apurado pela Itatiaia, o namorado é filho da dona do imóvel onde a criança de 4 anos morreu, na cidade de São Joaquim de Bicas, na Grande BH. Ela é apontada como avó adotiva das crianças e é procurada pela polícia em razão do caso de abandono e maus-tratos ocorrido no bairro Lagoinha.

O companheiro estava no local quando a criança morreu. O boletim de ocorrência cita, inclusive, que a mãe chamou o namorado após encontrar o filho caído no chão de barriga para baixo, com os olhos roxos e sem responder aos chamados. “Diego desmaiou e teve que ser levado por essa guarnição de volta à Upa para atendimento”, descreve o boletim.

A Itatiaia entrou em contato com a Polícia Civil para saber sobre a participação dele no caso e aguarda o posicionamento.

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Entenda o caso

As crianças foram encontradas abandonadas em um apartamento do bairro Lagoinha, região Noroeste de Belo Horizonte, e deram nomes falsos aos policiais, seguindo orientação da avó adotiva. Uma vizinha acionou a Polícia Militar (PM) para denunciar que elas estavam há três dias sem comida e banho. As responsáveis não foram encontradas.

Conforme registro policial, os militares envolvidos na ocorrência só descobriram que os meninos deram nomes falsos quando foram ao hospital Odilon Behrens para saber informações sobre o estado de saúde.

A vizinha que encontrou as crianças afirmou nunca tê-las visto no prédio. No apartamento estavam duas mulheres, uma idosa e outra com cerca de 40 anos. À polícia, as crianças informaram que as mulheres são avó e tia adotivas.

“É a primeira vez que eu vejo eles, mas já vi o pessoal dessa casa, eles vêm aqui muito raramente, são duas senhoras, uma de idade e outra que aparenta ter mais ou menos uns 38 anos. Eles alegam que elas são tia e avó, mas eles não falam da mãe. Eu pensei até em arrombar o apartamento antes, só que o pessoal falou que ia dar invasão de domicílio”, disse a vizinha.

Filho morto

Conforme registro policial sobre a ocorrência do dia 6 deste mês, a mãe disse que dormia com duas crianças em um quarto e o filho que morreu estava em outro. A mulher contou as crianças acordaram para fazer xixi e ela encontrou o filho de quatro anos caído no chão de barriga para baixo, com os olhos roxos e sem responder aos chamados. Ela então teria chamado o namorado, que estava no quintal, e levado o menino para a UPA, onde chegou morto.

A mãe apresentou versões para os ferimentos do filho: ele teria caído e sido queimado por uma lagarta.

Acionada, a Polícia Militar foi até a casa da família e encontrou as outras crianças, com sinais de desnutrição, na casa de uma vizinha. Elas foram levadas ao Conselho Tutelar.

Jornalista formado em Comunicação Social pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH). Na Itatiaia desde 2008, é “cria” da rádio, onde começou como estagiário. É especialista na cobertura de jornalismo policial e também assuntos factuais. Também participou de coberturas especiais em BH, Minas Gerais e outros estados. Além de repórter, é também apresentador do programa Itatiaia Patrulha na ausência do titular e amigo, Renato Rios Neto.
Enzo Menezes é chefe de reportagem do portal da Itatiaia desde 2022. Mestrando em Comunicação Social na UFMG, fez pós-graduação na Escola do Legislativo da ALMG e jornalismo na Fumec. Foi produtor e coordenador de produção da Record e repórter do R7 e de O Tempo
Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.