A cabeleireira Renata Tietbohl Bastos, de 43 anos, alega ter sido vítima do médico João Couto Neto, quando teve seu fígado perfurado, supostamente, pelo cirurgião. O especialista em cirurgia geral e aparelho digestivo é investigado por possíveis erros médicos e negligência contra cerca de 82 pacientes, destes 21 morreram.
As denúncias começaram a ser feitas em 2010, mas aumentaram nos últimos dois anos. Todas aconteceram em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul.
Em entrevista ao Metrópoles, Renata detalhou os sintomas após a cirurgia. “Dez dias após a cirurgia, acordei com uma dor imensurável, onde desmaiava e voltava, tudo queimava dentro de mim. Não conseguia respirar e nem a morfina surtia efeito”, disse.
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A ex-paciente explicou que a cirurgia foi feita em 12 de outubro e que João Couto Neto havia lhe falado que ela poderia voltar a trabalhar no dia seguinte ao procedimento. Ela informou ao médico que estava sentindo dores e ele enviou remédios para casa dela, no entanto a cabeleira não teve melhora.
Dez dias depois da cirurgia, Renata procurou o hospital de Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre. O procedimento feito por João Couto Neto foi realizado a 40km da cidade, em Novo Hamburgo, no Hospital Regina.
“Acordei com dores inimagináveis. Fui levada ao hospital da minha cidade. Estava com o fígado perfurado e com líquido do fígado vazando do ferimento. Estava com quadro de infecção grave”, explicou a cabeleireira.
Após as complicações, Renata realizou outra cirurgia de emergência e foi submetida a um dreno e uma bolsa de colostomia foi colocada para retirar o líquido.
“As marcas do meu abdômen me levaram a um trauma imenso de dor e sofrimento. Mas também tive muita fé em Deus, pois sou privilegiada de estar aqui para dar este relato. Outras vítimas não estão mais”, contou ao Metrópoles.
A cabeleireira contratou uma advogada e está reunindo documentos para fazer um boletim de ocorrência no próximo 4 de janeiro.
Entenda o caso
O médico João Couto acumula denúncias de ter causado ferimentos graves em órgãos dos pacientes, principalmente no intestino. O delegado Tarcisio Lobato Kaltbach explica que há casos de perfuração de intestino e fígado.
No último 12 de dezembro, o sistema judiciário proibiu o cirurgião de realizar cirurgias por seis meses. Sobre a decisão, o médico escreveu nas redes sociais que “atuar como médico é sempre um grande desafio”.
“Temos plena consciência e certeza de praticar a medicina para a melhor saúde dos pacientes. E com esta responsabilidade e maturidade, nos sentimos confortáveis em afirmar que realizamos mais de vinte mil cirurgias e procedimentos durante os últimos 19 anos, cumprindo os mais elevados preceitos médicos, honrando esta profissão que é a melhor tradução de minha vida”, disse.
(Sob supervisão de Lara Alves)