Belo Horizonte tem hoje 876 quarteirões com o estacionamento rotativo. Ainda que a maior parte esteja em vias dentro do traçado da avenida do Contorno, especialistas de trânsito afirmam ser impraticável do ponto de vista logístico que a fiscalização monitore presencialmente todas as 23.631 vagas.
A prefeitura não divulgou dados sobre o sistema, mas reconhece, por meio da BHTrans, que a fiscalização é pequena. A possível solução está prevista para ser implementada no ano que vem: carros com câmeras acopladas vão circular pelas ruas e avenidas para identificar motoristas estacionados de forma irregular.
Seria o videomonitoramento a resposta para melhorar a fiscalização, democratizar o uso das vagas de estacionamento e tirar o rotativo do colapso? Segundo o consultor em trânsito e ex-presidente da BHTrans, Osias Baptista, a tecnologia é o caminho.
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“Qualquer forma de tecnologia que reduza a participação humana e automatize o processo deve ser testada e implementada. Toda vez que a fiscalização é fraca, o nível de infração aumenta e também os congestionamentos, o custo, os acidentes, a perda de vida, gasto de combustível e frustração para os trabalhadores que não acham vagas”, destaca
Em Pedro Leopoldo, na região metropolitana de Belo Horizonte, o modelo de estacionamento rotativo com créditos digitais foi implementado neste ano.
A diferença para o sistema da capital é que por lá a fiscalização por videomonitoramento começou ao mesmo tempo em que ocorreu o lançamento do aplicativo. Em cada rua com vagas, existe uma câmera instalada estrategicamente para identificar as placas dos veículos. Um agente de trânsito da prefeitura, que fica em uma central, acompanha tudo em tempo real.
Motoristas de Pedro Leopoldo ouvidos pela Itatiaia falaram sobre as mudanças percebidas. A comerciante Rosimeire Amorim, por exemplo, diz que a situação melhorou bastante. “Antigamente não tinha como estacionar no centro da cidade. Agora ficou melhor e mais clientes aparecem para comprar graças à rotatividade das vagas. As pessoas sabem que agora, com as câmeras ligadas o tempo todo, não tem como burlar”, diz.
Um outro detalhe importante no rotativo do município. Todas as placas de sinalização informam como o motorista pode baixar o aplicativo no celular e também os endereços mais próximos dos pontos de venda físicos.
Diferentemente de BH, que tem 12 aplicativos credenciados pela prefeitura para compra e ativação de créditos, em Pedro Leopoldo o sistema é administrado por apenas uma empresa de tecnologia, que venceu uma licitação.
O responsável pelo sistema é o empresário Atílio Riccio que trabalha com estacionamento rotativo desde 1981. A família dele foi a primeira a distribuir os tickets de faixa azul em Belo Horizonte e depois a operar todo o modelo na capital entre 1988 e 1996.
Com a experiência adquirida em BH, Atílio investiu no videomonitoramento em outras cidades, como Pedro Leopoldo, e avalia como a situação do rotativo na capital poderia ser aprimorada.
“O videomonitoramento pode ser feito de duas formas. Podemos fazer uma integração ao sistema do ‘olho vivo’ e checar as placas via sistema. Como tudo hoje é informatizado, se o veículo estiver parado de forma irregular será aplicada uma multa. Além disso, podemos instalar câmeras fixas com monitores em campo que vão dar suporte aos usuários e também fazem a checagem das placas. Um agente de trânsito, que está numa central dentro do órgão de trânsito da prefeitura, terá acesso a todas as informações assistindo em tempo real, conforme estabelece uma resolução do Contran, o Conselho Nacional de Trânsito”, explica.