A Justiça decidirá em 48 horas se o delegado Rafael de Souza Horácio, 42 anos, vai a juri popular por ter matado o motorista de caminhão reboque Anderson Cândido de Melo, de 44 anos, em 26 de julho deste ano, após uma briga de trânsito em Belo Horizonte. O prazo começou a contar após audiência de instrução de julgamento realizada nessa terça-feira (29), no Fórum Lafayette, região Centro-Sul de Belo Horizonte. No depoimento, o delegado relacionou a versão de legítima defesa a um disparo reflexivo.
A nova justificativa do delegado para o disparo fatal que matou o trabalhador é rechaçada pela promotora de Justiça Denise Coelho.
“É apenas a versão defensiva do réu, o que ele chama de reflexivo está marcado pela tese dele de legítima defesa. No entendimento do Ministério Público essa versão não está autorizada pela prova testemunhal produzida. As testemunhas afastam por completo esse disparo dito reflexivo. No entendimento do Ministério Público essa versão não está autorizada pela prova testemunhal produzida”, destacou.
O advogado Fernando Magalhães, que defende Rafael Horácio, confirmou que o delegado atirou por reflexo, ao se assustar com um suposto tranco dado pelo caminhão. “O doutor Rafael conseguiu demonstrar que, em razão de uma ação de reflexo após um tranco do caminhão, acabou disparando e atingindo fatalmente Anderson. Não queria e nunca quis esse resultado. Doutor Rafael nunca buscou a morte de alguém”, disse.
‘Legítima defesa’
Rafael Horário confessou ter atirado em Anderson Melo, mas alega legítima defesa, pois o trabalhador teria jogado o caminhão contra ele. No entanto, testemunhas que presenciaram o crime contradizem a versão de legítima defesa do policial e apontam que a cena do crime foi alterada.
“O motorista do carro vinho parou o carro, desembarcou, deu aproximadamente 3 (três) passos para o lado, olhou para o motorista, sacou uma arma, apontou e efetuou um único disparo em direção ao para-brisa do caminhão reboque preto que já estava parado tendo em vista que, o carro vinho já havia feito o caminhão frear totalmente quando obstruiu a sua passagem ao diminuir sua velocidade quando estava na frente do caminhão (…) Que o motorista quando teve seu caminhão obstruído parou imediatamente, que do jeito que o motorista parou o caminhão com as 2 mãos no volante, ele tomou tiro (…)”, contou.
A testemunha ainda foi questionada se Anderson acelerou o caminhão na direção do delegado ou ofereceu algum risco iminente ao policial. A resposta foi negativa.
Entenda o caso
Rafael Horácio foi indiciado por homicídio qualificado. Ele confessou ter atirado em Anderson Cândido Melo, que dirigia um caminhão reboque, após uma briga no trânsito. O delegado alega legítima defesa e atirou porque seria atropelado.
Ele foi preso em 30 de julho, quatro dias após o crime e está na Casa de Custódia da Polícia Civil.
O delegado pode ficar preso de 12 a 30 anos, em caso de condenação. O indiciamento ocorreu por motivo fútil e por meio que dificultou a defesa da vítima.
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