Dados recém divulgados pela Confederação Nacional do Comércio e Bens, Serviços e Turismo (CNC) revelam que o número de famílias brasileiras endividadas atingiu 79,3% do total de lares no país, no mês de setembro. A porcentagem é ainda maior entre aquelas famílias que têm renda de até dez salários mínimos, nas quais o endividamento superou 80%. Em Belo Horizonte, dados da CDL revelam que as dívidas também estão aumentando. Entre os principais inadimplentes estão os jovens entre 18 e 29 anos.
Pelas ruas da capital, pessoas ouvidas pela Itatiaia confirmam as estatísticas e dizem que estão devendo ou no limite do endividamento.
“Devo várias coisas, entre elas cartão de crédito, faculdade e pretendo pagar essa dívida até ano que vem”, relatou uma moradora.
Para o consultor financeiro, Mateus Machado, a queda da renda aliada ao aumento do crédito ajudam a explicar o endividamento.
“Ele é a consequência. Então, a gente vai buscar a causa que, em geral, começa primeiro pela falta de disciplina no lidar com o dinheiro. Então, a dívida é a consequência desse maior acesso que os jovens passam a ter.”
Outro fator que influencia, segundo Mateus Machado, é que houve uma mudança de comportamento do público mais jovem. Se há algumas décadas os jovens trabalhavam para conseguir bens materiais, atualmente eles estão mais focados em viver as experiências.
“Então a compra do carro, a compra da casa já não é mais aquele sonho. Agora, pra comprar uma passagem, ela não precisa ter o nome limpo ou sujo, ela vai comprar, vai pagar, vai parcelar em X vezes e vai voar. Então, temos também essa mudança de cultura.”
O consultor financeiro defende que sempre que possível é importante poupar alguma quantia e não se acostumar a viver com dívidas.
“Por causa do efeito bola de neve. Eu começo a dever agora e se eu não coloco a minha vida em ordem daqui a pouco eu estou com uma outra dívida.”