O pastor e ativista social Cris do Morro usou a rede social para homenagear a filha
“Vai em paz filhona! Que o Senhor te receba de braços abertos, saiba papai te ama aqui ficarei em Luto eternooo”, escreveu o ex-líder comunitário do Morro do Papagaio, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. O crime é investigado pela Polícia Civil.
Ester e Ramon foram assassinados a tiros enquanto dormiam na casa onde moravam no bairro Campos Elíseos. O casal foi encontrado nu.
A principal suspeita da polícia é que os dois tenham sido mortos enquanto dormiam, com disparos efetuados por criminosos pela janela. Autoria e motivação do crime ainda são desconhecidas, mas há uma suspeita de que o crime possa ter relação com o envolvimento de Ramon com o tráfico de drogas.
“A moça trabalha no Cefet-BH e não compareceu ao trabalho. Alguém entrou em contato com a mãe, que deslocou até aqui e encontrou o portão da saída da rua fechado. Um vizinho pulou o portão para chamar alguém e, pela janela, encontrou os dois sem vida na cama”, explicou o sargento Carlos, responsável pela ocorrência.
‘Tristeza muito grande’
No local, familiares das duas vítimas estavam desolados. Cris do Morro, conhecido justamente pela luta contra a violência nas comunidades e pelo projeto Vozes do Morro, lembrou que ninguém está imune ao mundo das drogas e avalia que o brasileiro acostumou com a violência.
“É muito ruim você ver uma filha que você criou, que você trabalhou, que te acompanhou, que teve exemplo da família, teve meu exemplo... Isso quer dizer que nem nós, que estamos aí o dia inteiro brigando contra as drogas, trabalhando contra a violência, estamos imunes de viver (as consequências). Estou aqui numa situação vendo a minha filha deitada numa cama com dois tiros na cabeça. Não vejo isso nem como vergonha, vejo como uma tristeza muito grande”, disse.
Os familiares de Ramon não quiseram gravar entrevista.
Morro do Papagaio
Nascido no Morro do Papagaio há 48 anos, Cris do Morro se engajou na luta social com 17 anos, quando começou a organizar festas na comunidade. Músico, ele apostou na cultura como transformação. Foi líder comunitário e trabalhou na Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedese) na gestão Aécio/Anastasia.