Aproximadamente 50 atingidos pela lama da Samarco, em Mariana, Rio Doce e Barra Longa, após o rompimento da barragem de Fundão em 2015, interditaram a rodovia MG-129, em Mariana, na manhã desta quarta-feira (10) em protesto à empresa que após sete anos ainda não indenizou grande parte dos atingidos. O trânsito na rodovia ficou bloqueado por algumas horas, sendo liberado ainda no período da manhã.
Com cartazes e gritos “a vale mata rio, mata peixe e mata gente” os manifestantes esperam uma solução da empresa e dizem que “a casa dos atingidos está desabando.”
A Itatiaia entrou em contato com a Fundação Renova e aguarda posicionamento.
Acordo
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo),
De acordo com Zema, o valor ainda não está definido. Questionado se a cifra poderia chegar à casa dos R$ 100 bilhões, como é especulado, o governador disse que "é provável”.
“Queremos que esse acordo tenha o maior valor possível. Não há ainda uma definição, mas é provável que atinja essa cifra [R$ 100 bilhões]. Fux está em vias de encerrar o mandato como presidente do Supremo e tem como ponto de honra que o acordo seja concretizado. Seria o maior acordo do Brasil e um dos maiores do mundo. Ele, que esteve envolvido no acordo, merece que nessa gestão dele isso ocorra, estamos falando de um prazo 30 dias”, disse Zema em entrevista exclusiva à Itatiaia.
Uma nova reunião, desta vez, com representantes da Samarco está marcada para amanhã. De acordo com Zema, foram feitas mais de 250 reuniões desde o início das discussões sobre a repactuação do acordo. Amanhã, um novo encontro está marcado com representantes da Samarco.
“A empresa vai ter que pagar esse dano, que ainda não tem o valor definido e também terá, necessariamente, que assumir o passivo ambiental. Se o rio, hoje, não tem água com a qualidade que tinha antes da tragédia de Mariana, a empresa vai ter que assumir. Se alguém que está na bacia do rio Doce, ficou doente e comprovar que há um nexo causal entre a doença e a água poluída, também a empresa terá que ser responsabilizada”, afirmou Zema.
Nota da Renova
Por meio de nota a Fundação Renova informa que as manifestações têm impedido a continuidade da construção dos reassentamentos.
“A Fundação Renova informa que, desde o fim de junho, sucessivas manifestações, com participação de poucas pessoas, têm impedido a continuidade regular da construção dos reassentamentos. O bloqueio na estrada impede o acesso de colaboradores e materiais aos canteiros de obras, onde trabalham cerca de 5 mil pessoas, paralisando os trabalhos de dezenas de casas que já tiveram os projetos aprovados pelas famílias e também dos bens coletivos.
A Fundação Renova considera legítima qualquer manifestação pacífica popular, coletiva ou individual e reafirma que estabelece o respeito e o diálogo como práticas norteadoras de suas ações. No entanto, considera que nenhum direito individual se sobrepõe ao direito coletivo de centenas de famílias de atingidos e que não é possível haver qualquer tipo de negociação mediante ações que violem o direito de ir e vir de terceiros, trazendo riscos para as pessoas.”