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‘Podemos ter novos pedidos’, diz sindicato sobre demissão de pediatras em UPAs de BH

De acordo com o Sindicato dos Médicos de Minas Gerais, alguns profissionais aprovados em concurso também estão reconsiderando tomar posse dos cargos

Profissionais denunciam más condições de trabalho em UPAs e centros de saúde da capital

O número de pedidos de demissão de pediatras pode aumentar em Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e Centros de Saúde de Belo Horizonte. Além disso, de acordo com o diretor de Pesquisas e Projetos do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG), Artur Mendes, alguns profissionais aprovados em concurso estão reconsiderando se vão tomar posse do cargo. Isso porque, segundo ele, as condições de trabalho às quais os médicos são submetidos são precárias na capital.

“As demissões têm sido motivadas pela falta de condições de trabalho, violência e pouca valorização dos profissionais”, disse à Itatiaia. Conforme Mendes, apesar de mais evidente por causa da época do ano em que crianças adoecem mais, o problema já persiste há algum tempo. “Todo o ano é insistentemente avisado pelo sindicato”, acrescentou.

Podemos ter novos pedidos de demissão de mais pediatras nos próximos dias, mas também de outros profissionais na rede. Nós temos visto uma tentativa de acobertar os problemas que a gente precisa enfrentar com um pouco mais de afinco, a prefeitura tem criado cortinas de fumaça para explicar o que vem acontecendo com esses profissionais porque os médicos têm saído ou não têm vindo para a prefeitura, mas as razões estão aí sendo avisadas já há muito tempo.

A categoria pede mais segurança, em especial, nas unidades básicas de saúde. “Você não tem guarda municipal, não tem porteiro e, situações de violência, infelizmente, tem sido frequentes”, explicou. Arthur conta que, devido à necessidade “grande de atendimento”, a população acaba “descontando naquele profissional que está ali trabalhando”.

“Quando isso acontece a pessoa acaba desistindo de ficar nesses locais. Isso tem sido avisado à prefeitura. Em relação a valorização dos profissionais de Belo Horizonte, a cidade é onde nós temos tido a menor atratividade nesse quesito, já que municípios nos arredores da região Metropolitana têm melhores condições. Em função disso, as pessoas acabam preferindo ir para esses locais do que ficar aqui em BH”, completou.

Conforme o sindicato, o problema enfrentado atualmente não é só desta gestão. “A Prefeitura já sabe o que tem que fazer, o sindicato já tem avisado isso, o que ela poderia fazer é parar de tentar escamotear o problema, uma postura que não é só dessa gestão. Infelizmente, nós temos visto isso no poder público já há muito tempo e não só aqui em BH, mas eu acho que é dada a oportunidade nesses momentos para que o gestor faça mais do que apenas prometer”, disse.

Para o diretor do Sinmed-MG, a prefeitura precisa “acolher as propostas e as queixas que chegam para o gestor para constituir um espaço de trabalho adequado, que atraia pessoas e que possa prestar o melhor atendimento a população”.

Falta de pediatras

Nesta sexta (15), o atendimento de pediatria na UPA Leste, no bairro Vera Cruz, foi suspenso por falta de profissionais. Por isso, os casos mais graves, conforme a prefeitura, foram encaminhados para a Upa Oeste.

“Os casos graves estão sendo encaminhados para a UPA Oeste, transportadas de ambulância. Já os pacientes com quadro clínico leve estão sendo referenciados para os centros de saúde”, disse em nota enviada à Itatiaia.

Ainda no texto, a prefeitura explicou quais iniciativas estão sendo tomadas para encontrar uma solução para a falta de profissionais. “Cabe ressaltar que o município concedeu um aumento de 35% no valor dos plantões médicos extras em todas as unidades da rede SUS-BH. Além disso, segue ativo o banco de currículos para contratação imediata de médicos. Os interessados devem acessar o site da Prefeitura de Belo Horizonte para realização do cadastro”, acrescentou.

Pedidos de demissão

“Existe uma pressão enorme sobre o pediatra e falta de condição de trabalho para exercer a profissão”. O relato é de um pediatra que trabalhou durante anos em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Belo Horizonte. Na segunda quinzena de junho, ele relatou que pediu demissão, mas o número de médicos a deixar o cargo pode ser ainda superior.

Com o colapso batendo à porta de UPAs da capital, um comitê de enfrentamento foi criado por alguns trabalhadores para alertar sobre o que está ocorrendo dentro das unidades. Em denúncia recente, o comitê disse que 14 pediatras pediram demissão na UPA Norte no início de junho e que seis pediatras deixaram a UPA Leste na semana passada. No entanto, a prefeitura alega que desconhece a existência de tal comitê.

Patrícia Marques é jornalista e especialista em publicidade e marketing. Já atuou com cobertura de reality shows no ‘NaTelinha’ e na agência de notícias da Associação Mineira de Rádio e Televisão (Amirt). Atualmente, cobre a editoria de entretenimento na Itatiaia.