Belo Horizonte registrou aumento de 19% no número de internações em UTIs por Covid-19, no comparativo entre 30 de junho e 7 de julho. Os números são do boletim do Comitê Popular de Combate à Covid da capital. Trata-se da maior taxa de elevação desde março.
O boletim do comitê aponta ainda crescimento acelerado da taxa de novos casos por moradores: 448 a cada cem mil habitantes, número que se aproxima dos piores índices de contaminação registrados no auge da doença.
O grupo colaborativo dos CTIs de Belo Horizonte, que reúne médicos da cidade, informa que BH tem 75 leitos de terapia intensiva para problemas respiratórios em hospitais públicos e privados ocupados. Desse total, 62 pacientes estão com Covid, dos quais 36 estão em ventilação mecânica. Na semana passada, eram 48.
Em maio, eram dois ou três internados com a doença em terapia intensiva, de acordo com o grupo colaborativo.
O secretário-geral do Sindicato dos Médicos, Maurício Góes, que faz parte grupo, ressalta que o número é menor que os quase 900 internados com Covid-19 em terapia intensiva em abril e maio do ano passado, em Belo Horizonte. Porém, alerta que o momento é de preocupação e explica porque as internações aumentaram.
“Provavelmente, é devido a uma associação de fatores. A própria temperatura nesta estação do ano, o inverno, favorece a disseminação de doenças respiratórias; pessoas mais idosas, que quando adquirem as doenças infecciosas, seja elas gripes, Covid, tendem a complicar mais e vem a necessitar de leitos de terapia intensiva; e temos observado também que o número de pessoas que tomaram a dose de reforço, ou seja, a quarta do a mesma terceira ainda está baixo, não está ainda no ideal. Então, a associação desses fatores pode contribuir para o aumento de internações por Covid-19 nos leitos de terapia intensiva”.
Diante do cenário atual, o médico defende a continuidade do uso de máscaras. “Em ambientes fechados, uma pessoa que está contaminada e não está usando máscara, a chance de ela transmitir o vírus para outras pessoas é muito maior. Portanto, nesse momento, ainda achamos que é necessário o uso de máscaras em ambientes fechados, para reduzir a transmissão do vírus e também com isso reduzir as complicações que são em pacientes, principalmente aqueles mais graves com comorbidades, doenças respiratórias, doenças cardíacas que são mais susceptíveis a essas infecções”.
Maurício Góes avalia que o surgimento de novas variantes é motivo de preocupação. “Qualquer nova variante do vírus, seja produzida na China ou em outro lugar do mundo, é preocupante. Como nós já vimos na experiência anterior de outras variantes, essas mutações dos vírus não ficam restritas em apenas um lugar. Portanto, qualquer variante nova que venha disseminar a doença pode nos preocupar, principalmente em relação à possibilidade de resistência das vacinas que estão sendo disponíveis no momento”, diz.