Após 11 dias internada, a técnica em enfermagem Aline Ferreira Lima, de 30 anos, recebeu alta nesta sexta-feira (8). Ela trabalha no
A gente pensou que tivesse caído algum material, alguma bomba que, geralmente, quando cai, faz um estardalhaço muito grande, mas as meninas começaram a correr gritando fogo, fogo, fogo. Só que eu não corri para o contrário, eu corri para o fogo, eu queria saber o que estava acontecendo e ajudar da melhor maneira possível
“Nesse meio tempo, a gente começou a retirar os pacientes que estavam mais orientados no desespero, muito desespero. Mas, graças a Deus a gente conseguiu conduzir, conseguimos tirar todos os pacientes com vida. Foi muito desespero, foi. Mas deu tudo certo. E agora é só torcer pela recuperação de todo mundo”, acrescentou.
Se existia amor, hoje multiplicou. Eu não pensaria duas vezes se tivesse que fazer novamente. Minha família até chegou a puxar a minha orelha: ‘da próxima vez você pensa em você primeiro’. Mas, não dá. A gente pensa nas vidas, a gente no nosso local de trabalho. Eles podem não ser o nosso parente, nosso amigo, nem nada, mas é o amor e a vida de alguém
Para ela, o trabalho em equipe foi fundamental para que pacientes saíssem do hospital ainda vivos. “Deus me capacitou, ele me usou da maneira que eu fui usada pra poder salvar a vida daquelas pessoas e ajudar a minha equipe, porque é uma equipe. Não é Aline, não é um supervisor, não é só um coordenador, é toda uma equipe por trás. E graças a Deus a gente conseguiu manejar da melhor maneira possível para que não acontecesse algo pior”.
Agora, a sensação é de missão cumprida. “Se não fui eu que escolhi a enfermagem, a enfermagem me escolheu pra isso. E hoje eu tenho a sensação de dever cumprido. Faria tudo de novo. Não pensaria duas vezes”, afirmou Aline.
Onze dias no CTI
Aline disse que nunca precisou ficar internada em um CTI e, que no período que ficou no hospital, entendeu como é ‘ser paciente’. “Ah, um susto, né? Graças a Deus nunca tive problema de saúde e sempre fui muito saudável. Nunca tinha passado por uma internação, principalmente no CTI, e uma internação prolongada. Então assim, tanto para mim, quanto para os meus familiares, até para os meus colegas de trabalho, foi um susto muito grande. Mas, graças a Deus deu tudo certo, as coisas fluíram da maneira que tinha que fluir e hoje graças a Deus a gente já tá recebendo alta”, contou.
Conforme a técnica em enfermagem, os dias no CTI trouxeram aprendizado para ela. “Acho que é nessa hora que a gente usa a palavra resiliência, né? Empatia. Enquanto profissional, a nossa visão é diferenciada, por mais que a gente queira dar o nosso melhor, demonstrar o nosso melhor, fazer o nosso trabalho da melhor maneira possível, a gente ainda tem algumas barreiras que devem ser ultrapassadas. Vivenciar o outro lado traz uma perspectiva diferente do que realmente é ser paciente e não é fácil ser paciente, não é fácil ter que esperar, não é fácil estar sentindo dor, uma fadiga respiratória, é difícil. Hoje eu senti isso na pele, eu não desejo pra ninguém”, desabafou Aline, que completou. “É se sentir mais humano ainda na hora de executar o meu trabalho”.
Agora Aline comemora o retorno para a sua casa e, em breve, ao trabalho. “Esperei muito para poder ir para a casa e quero o mais rápido possível voltar para o trabalho. Não tem preço que pague a rotina da gente. A liberdade da gente. E hoje eu sou prova disso. Quero encontrar minha família e rever meus amigos”.