Fevereiro nem chegou e já tem muita gente curtindo bloquinhos na rua, no ''pré-pré-Carnaval’’ de BH. Em meio à ebulição da festa na capital mineira, anúncios de casas e quartos começam a aparecer nos grupos de WhatsApp de quem gosta da festa.
Fugindo de plataformas como Airbnb, alguns belo-horizontinos fãs do Carnaval abrem as portas das casas pela primeira vez para fazer uma renda extra na temporada. Para isso, têm optado pelo bom e velho boca a boca, procurando fechar negócio com “amigos de amigos”.
Esse é o caso do casal Daniel Leto e Iara Rosso, ambos de 33 anos, que se conheceu na folia. Eles se casaram e hoje moram em um apartamento no bairro Santa Tereza, na região Leste da capital — no coração de onde boa parte do Carnaval acontece.
“Temos um quarto sobrando lá em casa que oferecemos para amigos, mas sempre fica vazio. Este ano, fizemos uma reforma e pensamos em alugar’”.
Cobrando uma diária de R$ 350 e R$ 400, a ideia é terminar de pagar os trabalhos feitos no imóvel e comprar uma geladeira nova. Os hóspedes escolhidos terão o privilégio de ter boas dicas do casal, que conhece bem os bloquinhos da cidade. “Estamos selecionando, queremos manter a energia do Carnaval”, contou. O casal também encara a oportunidade como uma forma de fazer novos amigos. “Estamos animados! Fazer amigo depois dos 30 é complicado, né?”, brincou Daniel.
Só para mulheres
Algumas pessoas estão alugando pela primeira vez. A publicitária Luanda Godoy, de 46, que mora em um apartamento que fica no bairro Gutierrez, na região Oeste, deixará o local para locar o espaço. “Tenho alguns critérios para alugarem: apenas indicação de amigos e para mulheres. Como são poucos dias, acho tranquilo! Pode ter algum prejuízo, mas valerá a pena”, contou ela.
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Por segurança, Luanda disse que vai tirar os itens pessoais antes de ir para a casa de uma amiga, onde ficará no período da festa momesca. A publicitária oferece a hospedagem por R$ 3,2 mil para seis pessoas. “Um amigo alugou o apartamento dele ano passado e deu muito certo”, disse.
A assistente social Lina Soares, de 61, já tem experiência no ramo, mas, pela primeira vez, anunciou exclusivamente para o período do Carnaval. “Geralmente, alugo mensal, porém, com a entrega do imóvel pelo atual inquilino, resolvi alugar no Carnaval, devido ao aumento de foliões que chegam para a festa”, relatou.
O imóvel fica a cinco quarteirões da estação metrô Horto e a 800 metros da avenida dos Andradas, palco de cortejos tradicionais de diversos blocos. “Divulguei no Airbnb e webquartos, mas gostaria muito de alugar a partir de indicação de amigos. Penso que dá um pouco mais de segurança”, acrescentou. Ela anunciou a R$ 300 por noite para até quatro pessoas de um mesmo grupo. Ela ainda aposta em um ‘pacote’: entre 28 de fevereiro a 5 de março por R$ 1,8 mil.
Bom para todo mundo
De um lado, a oportunidade de curtir o Carnaval com uma graninha extra para tomar aquele Xeque-Mate gelado. Do outro, preço mais em conta para os que procuram um lugar para ficar. O educador Aron Freller, de 36 anos, vem de São Paulo para a capital mineira pela primeira vez para conhecer a folia, e disse estar impressionado com os altos preços encontrados nas plataformas convencionais.
“Escolhi procurar indicação de casas, porque achei muito caro no Airbnb, e ainda com taxa. Estavam na mesma faixa de preço do Rio de Janeiro, que é muito mais procurado”, contou. Em um dos aplicativos, por exemplo, ele conta que o grupo de seis pessoas encontrou a diária a partir de R$ 250 por pessoa.
Uma pesquisa feita pela Itatiaia, nesta sexta-feira (31), na plataforma Booking, entre 28 de fevereiro e 6 de março, mostrou valores exorbitantes. No Centro, por exemplo, encontram-se hospedagens de R$ 550 por pessoa por noite até R$ 1.428. Na Savassi, o folião interessado terá que desembolsar entre R$ 496 e R$ 2.315.
Foi a partir de amigos de amigos que Aron chegou até a casa no bairro Horto, também na região Leste da capital; a moradora disponibilizou a casa por sete dias a R$ 3.780. O educador disse que não é a primeira vez que fecha negócio dessa forma: “Sempre dá certo”, garante. “E sempre prefiro o contato direto da pessoa para poder pedir dicas”, acrescentou.
A expectativa é alta e de muita festa na rua. “Espero ir a muitos blocos de rua, desde manhã até a noite. Comida boa e pessoas simpáticas daquele jeito que só Minas sabe entregar”, finalizou.
Recorde de público
Conforme a prefeitura de Belo Horizonte, a expectativa para o público de 2025 é de 6 milhões de foliões, sendo 275 mil turistas, para o período oficial da folia na cidade, que ocorrerá entre 15 de fevereiro e 9 de março. Vale ressaltar que o número abrange a soma dos participantes dos blocos de rua e das outras atrações programadas.