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Massacre no RJ: vários corpos são achados após operação mais letal da história

Moradores vivem clima de medo após ação que deixou ao menos 64 mortos — sem contar outros seis ainda não incluídos oficialmente — e 81 presos no estado

Corpos são levados para praça na Penha

A manhã desta quarta-feira (29) começa com clima de apreensão no Rio de Janeiro, após a operação mais letal já registrada no estado, que deixou dezenas de mortos e presos em ações contra o Comando Vermelho. A cidade amanheceu com circulação reduzida e ruas mais vazias, refletindo o medo de novos confrontos.

Na noite de ontem, seis corpos foram encontrados em uma área de mata — ainda não contabilizados oficialmente entre os 64 mortos, número que pode aumentar. A operação, que ocorreu nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio, teve como alvo lideranças da facção. Até o momento, o balanço aponta 64 mortos, entre eles quatro policiais, além de 81 presos e cerca de 15 agentes feridos.

Por medida de segurança, escolas municipais e postos de saúde não abriram as portas hoje, segundo informações locais. Moradores relatam medo de uma possível retomada dos tiroteios, mesmo com o trânsito já normalizado e a presença reforçada de policiais nas ruas.

Quatro moradores foram atingidos por balas perdidas, incluindo uma mulher baleada dentro de uma academia. Foram apreendidos q uase 100 fuzis, além de grande quantidade de munições e granadas.

Durante a operação e em represália à ação policial, criminosos fecharam vias importantes da cidade, como a Linha Amarela e a Serra Grajaú-Jacarepaguá, além de realizarem bloqueios em mais de 30 pontos — em várias regiões, exceto na Zona Sul. Com medo, comerciantes encerraram o expediente mais cedo, e muitos trabalhadores enfrentaram dificuldades para voltar para casa. Metrôs, trens e barcas ficaram lotados, enquanto o trânsito nas vias expressas ficou paralisado.

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O prefeito Eduardo Paes chegou a decretar o estágio 2 de mobilização, que indica ocorrência de alto impacto na cidade, e pediu que os serviços municipais mantivessem suas atividades, mesmo diante das ameaças.

Já o governador Cláudio Castro criticou a ausência de apoio federal e disse que o estado está “sozinho” no enfrentamento às facções.

“Infelizmente, como ao longo deste mandato inteiro, não temos o auxílio de blindados nem de nenhum agente das forças federais. Essa é uma luta que já extrapolou a ideia de segurança pública”, afirmou Castro.

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, rebateu a declaração e negou que o governo estadual tenha solicitado apoio para a operação.

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“Não recebi nenhum pedido do governador do Rio de Janeiro para esta operação. O combate à criminalidade se faz com planejamento e coordenação das forças”, declarou.

Após a fala do ministro, o governador admitiu que não chegou a pedir ajuda formal ao governo federal, alegando que já esperava uma negativa.

Mais tarde, solicitou a transferência de 10 lideranças do Comando Vermelho para presídios federais.

Nesta quarta, o policiamento segue reforçado em diversas regiões.

Diana Rogers tem 34 anos e é repórter correspondente no Rio de Janeiro. Trabalha como repórter em rádio desde os 21 anos e passou por cinco emissoras no Rio: Globo, CBN, Tupi, Manchete e Mec. Cobriu grandes eventos como sete Carnavais na Sapucaí, bastidores da Copa de 2014 e das Olimpíadas em 2016.
Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.