Ouvindo...

Japinha do CV está viva? Corpo atribuído a Penélope era de homem da Bahia

Nas redes sociais, imagens associadas à jovem mostram ela em academia e ao lado de irmãos em suposto perfil da mãe

Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ) confirmou que não havia nenhuma mulher entre os mortos na Operação Contenção

A mulher identificada apenas pelas alcunhas ‘Japinha do CV’ e ‘Penélope’ não foi morta durante a megaoperação contra o Comando Vermelho nos Complexos da Penha e Alemão. A informação foi confirmada pela Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ) nesta terça-feira (4). O paradeiro da jovem, no entanto, segue desconhecido.

Em meio à megaoperação realizada na última terça-feira (28), circularam nas redes sociais imagens e vídeos de uma pessoa caída no chão com o rosto desfigurado, baleada e vestida com trajes militares. Inicialmente, as imagens foram atribuídas a uma mulher identificada pelos vulgos ‘Japinha do CV’ ou ‘Penélope’.

A jovem era apontada como responsável por proteger as rotas de fugas do Comando Vermelho e uma pessoa de confiança entre os chefes do tráfico. Em nota enviada à Itatiaia, a Polícia Civil disse que a imagem divulgada era de Ricardo Aquino dos Santos, de 22 anos, e negou ter informações sobre Japinha do CV.

Natural da Bahia, Ricardo tinha dois mandados de prisão ativos e aparece na lista divulgada pela corporação, onde não consta nenhum nome feminino entre os 115 mortos identificados.

Alguns detalhes nas imagens e vídeos divulgados já apontavam algumas diferenças com a Japinha do CV: a pessoa nas fotos usa aparelho, já Penélope não. É possível notar outras características como o pé e o maxilar, que não correspondem aos da jovem.

Japinha do CV está viva?

Desde a operação, o nome “Japinha do CV” tornou-se alvo da curiosidade de muitos internautas. Descrita como musa do crime, perfis em diversas redes sociais foram atribuídos à jovem. Isso levantou o questionamento se a Penélope estaria viva, apesar da maior parte das imagens já ter sido publicada em uma conta no TikTok criada em 2022.

A última publicação do perfil data de 20 de setembro e é de uma usuária de nome Maria. A Itatiaia entrou em contato com a jovem, mas não obteve retorno.

Sem registros de imagens ou vídeos recentes, o paradeiro de Japinha do CV continua incerto. A reportagem entrou em contato com muitas das contas atribuídas a ela, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria.

Na maioria dos perfis associados a Penélope, a Itatiaia também encontrou anúncios de jogos do tigrinho, o que é comum em perfis fakes. Nas redes sociais, moradores da Penha e do Complexo do Alemão dizem nunca ter visto a jovem.

Em uma das fotos associadas a Japinha do CV, a mulher aparece em uma academia, em Duque de Caxias, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Para a reportagem, o estabelecimento confirmou que a jovem da foto treinava no local até junho deste ano, mas disse não ter mais informações.

Em uma das imagens associadas à Japinha do CV, mulher aparece treinando em uma academia, que não será identificada, em Duque de Caxias, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro

Ainda na tentativa de contato com a mulher, a Itatiaia encontrou um conta no Instagram onde a suposta Japinha do CV aparece em fotografias ainda mais antigas.

Nos comentários, usuários indicaram que o perfil seria da mãe de Penélope. Ela aparece ao lado de “irmãos” e também é identificada como Maria nas legendas.

No lugar da foto de perfil, uma imagem de luto é usada pela mulher. A reportagem entrou em contato com os supostos familiares dela, mas não obteve retorno.

Conta associada à mãe de “Japinha do CV” postou diversas fotos da jovem e possui publicações desde junho de 2024

Jovem associada à Japinha do CV ao lado da mãe e dos supostos irmãos

Operação mais letal no Rio de Janeiro

A operação “Contenção”, que ocorreu nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio, na última terça-feira (28), teve como alvo lideranças da facção do Comando Vermelho (CV). Durante a operação 121 pessoas foram mortas e 113 criminosos do Rio foram presos.

Quatro moradores foram atingidos por balas perdidas, incluindo uma mulher baleada dentro de uma academia. No dia da operação, vídeos registraram o momento em que traficantes do CV lançaram bombas contra policiais usando drones com bombas. Barricadas em chamas também foram criadas pelos criminosos.

A ação tinha como foco o cumprimento de 180 mandados de busca e apreensão e 100 mandados de prisão, sendo 30 expedidos pelo estado do Pará, parceiro na operação. Após a operação, o Rio de Janeiro mergulhou em caos, com inúmeras pessoas impedidas de voltarem para casa diante dos bloqueios em vias e linhas de ônibus interrompidas.

(Sob supervisão de Edu Oliveira)

Leia também

Rebeca Nicholls é estagiária do digital da Itatiaia com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo. É estudante de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Tem passagem pelo Laboratório de Comunicação e Audiovisual do UniBH (CACAU), pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e pelo jornal Estado de Minas
Estudante de jornalismo pela PUC Minas. Trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre Cidades, Brasil e Mundo.