Vídeo: Renê Júnior alega que policiais o coagiram a confessar assassinato de gari

Preso por matar Laudemir Fernandes, de 44 anos, Renê afirmou que policiais ameaçaram acabar com a carreira de sua esposa, a delegada Ana Paula Lamego

Renê Júnior e seu advogado, Bruno Rodrigues, durante audiência

Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, afirmou durante audiência, realizada nesta quarta-feira (26), que foi coagido a confessar o assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, assassinado no dia 11 de agosto, no bairro Vista Alegre, Região Oeste de Belo Horizonte.

Segundo Renê, que está preso no Presídio de Caeté, na Grande BH, policiais o coagiram afirmando que iriam acabar com a carreira de sua esposa, a delegada da Polícia Civil, Ana Paula Lamego Balbino Nogueira, de 43 anos, dona da arma utilizada no crime.

Assista:

“O advogado que está cuidando do caso da Ana Paula ouviu o Lázaro (Lázaro Samuel Gonçalves, antigo advogado de Renê) falando para eu não confessar, mas eu confessei. Sabe por quê? Porque escutei no corredor ‘Nós já temos o exame da balística, já foi feita a perícia do projétil, foi a arma da Ana Paula’ e se eu não confessar, ‘a gente vai acabar com a carreira dela’”, alegou Renê.

O acusado afirmou, em seguida, que por isso, iria “falar o que quiserem que eu fale”.

“O delegado ia ditando o que a escrivã ia falando e ele falava: ‘Concorda?’ e eu vou falar o quê?”, afirmou. Segundo ele, o advogado Lázaro Samuel Gonçalves é sua testemunha.

Renê alegou, ainda, não saber o nome de quem fez as ameaças. Ele apenas citou características físicas dos delegados que colheram seu depoimento.

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A audiência

Renê da Silva Nogueira Júnior prestou depoimento, nesta quarta-feira (26), no 1º Tribunal do Júri Sumariante, no bairro Barro Preto, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A sessão, realizada por videoconferência, durou cerca de 2h30 e terminou por volta das 11h30.

Embora tenha falado sobre sua trajetória pessoal, o empresário não respondeu às perguntas e sustentou que jamais admitiu a autoria do disparo. Segundo a assessoria do Fórum Lafayette, ele alegou que policiais teriam dito que poderiam prejudicar sua esposa, a investigadora Ana Paula Lamego Balbino — relação sobre a qual afirmou não saber se ainda se mantém.

Durante o interrogatório, o réu disse ter vivido isolado por muitos anos devido a uma doença do irmão e confirmou possuir formação universitária, apresentando diplomas anexados ao processo. Ele declarou ainda que foi “julgado pela imprensa” ao ser comparado a um “empresário da Shopee”.

Renê alegou que andava armado por estar sendo ameaçado

Ainda segundo o Fórum Lafayette, Renê também afirmou que, no dia do crime, andava armado porque estaria sofrendo ameaças de um ex-sócio supostamente ligado ao jogo do bicho.

O empresário disse que ficou aproximadamente 30 minutos parado no trânsito antes de deixar o bairro onde mora e declarou que “teve oportunidade de atirar em outras pessoas, mas não o fez”, reforçando que jamais atiraria em alguém apenas por estar parado no congestionamento.

Ao final da audiência, a defesa pediu prazo para apresentar um requerimento sobre o recolhimento de dados do celular do réu. A juíza Ana Carolina Rauen concedeu dois dias, a partir de 1º de dezembro, para a juntada de diligências complementares e novos pedidos.

Renê responde por homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, porte ilegal de arma de fogo e fraude processual. Se for condenado, a pena pode ultrapassar 30 anos de prisão.

Ao todo, quatro testemunhas foram ouvidas. Uma quinta foi dispensada, e as respostas da sexta serão enviadas por escrito por um perito da Polícia Civil.

A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil sobre acusações de Renê e aguarda retorno.

Repórter policial e investigativo, apresentador do Itatiaia Patrulha.
Maic Costa é jornalista, formado pela UFOP em 2019 e um filho do interior de Minas Gerais. Atuou em diversos veículos, especialmente nas editorias de cidades e esportes, mas com trabalhos também em política, alimentação, cultura e entretenimento. Agraciado com o Prêmio Amagis de Jornalismo, em 2022. Atualmente é repórter de cidades na Itatiaia.

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