Renê Junior negou ter confessado morte de gari e diz que foi pressionado por policiais em BH

Empresário declarou em audiência que só admitiu o crime após supostas ameaças de investigadores; sessão durou cerca de 2h30

Renê da Silva Nogueira Júnior foi transferido para o Presídio de Caeté

Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, afirmou durante audiência nesta quarta-feira (26) que não confessou ter matado o gari Laudemir Fernandes, de 44, e que só admitiu o crime à polícia porque teria sido ameaçado por investigadores. A declaração foi dada no 1º Tribunal do Júri Sumariante, no bairro Barro Preto, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A sessão, realizada por videoconferência, durou cerca de 2h30 e terminou por volta das 11h30.

Embora tenha falado sobre sua trajetória pessoal, o empresário não respondeu às perguntas e sustentou que jamais admitiu a autoria do disparo. Segundo a assessoria do Fórum Lafayette, ele alegou que policiais teriam dito que poderiam prejudicar sua esposa, a investigadora Ana Paula Lamego Balbina — relação sobre a qual afirmou não saber se ainda se mantém.

Durante o interrogatório, o réu disse ter vivido isolado por muitos anos por causa de uma doença do irmão e confirmou possuir formação universitária, apresentando diplomas anexados ao processo. Ele declarou ainda que foi “julgado pela imprensa” ao ser comparado a um “empresário da Shopee”.

Ainda de acordo com o Fórum Lafayette, Renê também afirmou que, no dia do crime, andava armado porque estaria sofrendo ameaças de um ex-sócio supostamente ligado ao jogo do bicho. O empresário disse que ficou aproximadamente 30 minutos parado no trânsito antes de deixar o bairro onde mora e declarou que “teve oportunidade de atirar em outras pessoas, mas não o fez”, reforçando que jamais atiraria em alguém apenas por estar parado no congestionamento.

Ao final da audiência, a defesa pediu prazo para apresentar um requerimento sobre o recolhimento de dados do celular do réu. A juíza Ana Carolina Rauen concedeu dois dias, a partir de 1º de dezembro, para a juntada de diligências complementares e novos pedidos.

Renê responde por homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, porte ilegal de arma de fogo e fraude processual. Se for condenado, a pena pode ultrapassar 30 anos de prisão.

Ao todo, quatro testemunhas foram ouvidas. Uma quinta foi dispensada, e a sexta um perito da Polícia Civil enviará as respostas por escrito.

A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil sobre acusações de Renê e aguarda um retorno.

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Ele está preso desde o dia 11 de agosto, data do crime que ocorreu no bairro Vista Alegre, na Região Oeste da capital mineira. Renê segue preso no presídio de Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

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Como foi a audiência nessa terça (25)

O primeiro dia da audiência de instrução foi realizado nessa terça-feira (25), com a presença de oito testemunhas.

Além dos quatro colegas que presenciaram o momento do crime, policiais civis e militares também foram ouvidos. A motorista do caminhão de lixo, Eledias Aparecida Rodrigues, 44 anos, uma das principais testemunhas do caso envolvendo o gari, foi uma das pessoas ouvidas.

Durante o procedimento, Eledias afirmou sentir que foi vítima do poder econômico do réu, Renê, que, segundo ela, usou dessa posição para constrangê-la e aos colegas. A audiência teve início às 9h e também contou com a presença de Thiago Rodrigues, outro colega de Laudemir e testemunha, que afirmou que sua rotina de trabalho foi alterada.

Ele e seus companheiros optaram por mudar a rota anterior devido ao impacto de terem segurado o colega morrendo nos braços.

Além do trauma, Thiago lamentou o desrespeito contínuo de algumas pessoas na rua, que fazem brincadeiras e xingamentos. Ele relatou ter ouvido motoristas fazerem piadas com a tragédia: “Cuidado, hein? Cuidado com o tal do Renê aí, hein”.

Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.

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