Mãe de criança vítima de tentativa de abuso diz que suspeito ‘já fez isso com outras crianças’

A mulher de 30 anos revelou a dinâmica do aliciamento, se disse arrependida das agressões e afirmou que o homem alegou já tem abusado de outras crianças

A mãe da criança filmou parte do espancamento e o momento em que o homem foi levado para a Vila Joana D’arc

“Eu tentei fazer justiça com minhas próprias mãos e entendi como deu tudo errado, que aquilo não funciona dessa maneira”. Essas são palavras da mãe da menina de 7 anos que sofreu tentativa de aliciamento secual por um homem de 51, preso após ser linchado por populares, na tarde dessa quinta-feira (18), a Vila Joana D’arc, Região do Barreiro, em Belo Horizonte.

A mulher, de 30 anos, também foi presa em decorrência da confusão, já que incitou e participou do espancamento contra o suspeito. Ela passou parte do último dia em uma cela e, em entrevista exclusiva à Itatiaia, revelou arrependimento por tentar resolver a situação à margem da lei e reforçou que irá lutar por justiça. “Então eu tenho tudo (provas documentais) e vou até o fim, porque quero ver esse cara atrás das grades”, garante ela.

Segundo a mãe da criança, ela conheceu o suspeito por meio de uma amiga. O homem teria vindo do Rio de Janeiro para Minas Gerais e, por não conhecer ninguém no estado, buscava amizades. Segundo ela, após duas semanas trocando mensagens com o suspeito, ele mudou o comportamento, passando a demonstrar interesse sexual em sua filha.

“Ele se mostrava um cara totalmente empático, religioso, o tempo todo falava de igreja. Eu sou muito católica e acabei confiando, mandei fotos da minha família. E, por fim, chegou no assunto de que eu não fazia o estilo de mulher que ele gostava, ele gostava de garotas virgens. Aí eu comecei a entender que havia uma maldade nas palavras dele”, afirmou a mulher.

‘Dar um futuro para vocês’

A mulher contou que, a partir daí, o homem passou a tentar aliciar sua filha, prometendo que ‘daria um futuro’ para mãe e criança. Segundo ela, ele ofereceu viagens, pagar estudos, hospitais e casar com a menina quando esta completasse 18 anos.

“Foi onde eu peguei a maldade total, de que ele realmente era um aliciador de menores. Foi Deus mesmo que me deu o sangue-frio para conversar com ele como se eu estivesse concordando com toda a situação. Minha ideia era juntar provas e entregar tudo”, explicou.

Ela então marcou um encontro com o homem, visando uma emboscada. Porém, relatou que “ao ver o olhar do homem para sua filha”, perdeu a cabeça e a ideia de chamar a polícia.

“Quando ele entrou na minha casa, viu a minha filha e olhou para ela com um olhar, assim, de leão para a presa mesmo, sabe? Aí eu não aguentei, não tive psicológico para fazer os trâmites normais. ‘Ah, vamos chamar a polícia porque já tenho todas as provas’. Não, eu fui para cima, fui com tudo”, explicou ela.

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Neste momento, começaram as agressões, que só foram parar na Vila Joana D’arc, quando a polícia chegou. A ideia da mulher era entregar o suspeito para o “tribunal do crime”. A mãe se disse arrependida de suas atitudes.

“Eu fiquei ontem o dia inteiro por conta de ficar presa em uma cela surtando e pensando em tudo que tava acontecendo aqui fora. Pela forma que fiz eu me arrependo. Agora, eu vou correr de todas as formas atrás da justiça, seguindo o protocolo correto”, contou.

Provas

A mãe da criança relatou que além dos prints mostrando as conversas em que o homem tenta aliciar sua filha, possui áudios incriminadores enviados por ele. O material foi entregue à polícia.

“Ele é um cara influente, que tem condição, não tem antecedentes criminais. É dar andamento na investigação na casa dele, nos computadores, nos outros celulares. Vai demorar um pouco para a gente ter essa noção se ele realmente vai ficar preso. Eu não sei se os meus prints vão ser suficientes, mas eu tenho áudios também, que eu não postei. Se vocês acham que os prints são pesados, os áudios são assustadores”, apontou.

Ela afirmou acreditar que existam outras vítimas pelo homem ter afirmado já ter tido relações sexuais com crianças menores, além da forma natural e meticulosa com que o homem a abordou.

“Ele foi me levando muito na conversa. Então é um cara que, sim, já cometeu isso com outras crianças. Ele chegou a falar que existem amigas dele que entregaram as filhas, até menores do que a minha. A minha tem sete, ele falou de crianças de quatro, cinco anos. Então, ele é um cara que já faz isso”, finalizou.

Formado em jornalismo pela PUC Minas, foi produtor do Itatiaia Patrulha e hoje é repórter policial e de cidades na Itatiaia. Também passou pelo caderno de política e economia do Jornal Estado de Minas.
Maic Costa é jornalista, formado pela UFOP em 2019 e um filho do interior de Minas Gerais. Atuou em diversos veículos, especialmente nas editorias de cidades e esportes, mas com trabalhos também em política, alimentação, cultura e entretenimento. Agraciado com o Prêmio Amagis de Jornalismo, em 2022. Atualmente é repórter de cidades na Itatiaia.

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