Homem filmado agredindo babá nega racismo e alega ameaças: ‘Distorce a realidade’

Rodrigo Bravim, advogado de 52 anos, afirmou que agressões a mulher foram motivadas pelo ‘calor da emoção’ e ‘em legítima defesa’

Agressões de advogado foram filmadas; babá alega ter sofrido racismo

O advogado Rodrigo Bravim, de 52 anos, emitiu nota à imprensa negando as acusações feitas pela babá, de 36 anos, agredida por ele, na noite dessa quinta-feira (20), na porta de um prédio no bairro Santo Agostinho, Região Centro-Sul de BH. Segundo o homem, a denúncia de racismo é falsa e a versão apresentada por ela é parcial e “distorce completamente a realidade dos acontecimentos”. Ele afirmou, ainda, que foi ameaçado pela mulher em outras ocasiões.

Segundo o Bravim, os problemas com a babá começaram no início do processo de divórcio dele com sua ex-esposa, quando a mulher teria passado a demonstrar hostilidade contra ele.

“Em razão de sucessivas agressões verbais e ameaças proferidas por ela, registrei dois boletins de ocorrência policiais nos últimos meses”, afirmou.

Ele alegou, ainda, que no último dia 25 de outubro, após ele manifestar que “não queria mais nenhum tipo de contato com a mulher”, ela teria ido até a porta de sua casa e proferido gritos, xingamentos e ameaças, fato registrado por câmeras de segurança, e diante do porteiro.

Acrescentou que nessa quinta, após receber novas ameaças e ofensas por telefone, pediu para que sua esposa impedisse novos contatos da empregada com ele. Como, na sua versão, nada foi feito e as ameaças continuaram, decidiu ir até o local e ligou para a Polícia Militar.

Conforme Bravim, as agressões à mulher foram motivadas pelo “calor da emoção” e “em legítima defesa”.

“Antes mesmo da chegada da viatura, ela saiu do prédio de forma exaltada, dirigindo-me novos xingamentos, ameaças e iniciando agressão física. No calor da emoção e em legítima defesa, reagi para proteger minha integridade. Mesmo após me afastar do local, ainda fui atingido por pedras”, alegou o advogado.

Advogado nega racismo

A babá afirmou que foi xingada de “negra”, “macaca”, e vários outros xingamentos racistas enquanto era agredida. Rodrigo negou a acusação.

“Em nenhum momento houve qualquer manifestação de cunho racista por parte de quem quer que seja. Tal acusação é absolutamente falsa e será devidamente rechaçada nas esferas cível e criminal”, afirmou na nota. Segundo ele, “todas as provas serão apresentadas às autoridades”.

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Entenda o caso

Uma babá, de 36 anos, foi agredida com tapas, chutes e alegou ter sofrido insultos racistas pelo advogado Rodrigo Bravim, de 52, na porta de um prédio no bairro Santo Agostinho, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, na noite do Dia da Consciência Negra, na noite dessa quinta-feira (20).

Câmeras de segurança registraram o momento em que o homem ataca a mulher com tapas e chutes. A vítima trabalha na casa da ex-companheira do advogado. Assista:

Segundo a babá, o agressor procurava a ex-esposa, de 45 anos, quando começou a discutir com ela. “O porteiro interfonou pedindo para eu descer com o filho dele, de 3 anos.

Ele perguntava onde ela estava, e eu disse que não sabia, que isso era algo que eles precisavam resolver”, contou a vítima, que não será identificada, à Itatiaia nesta sexta (21).

Ela afirma que, em determinado momento, o homem passou a filmá-la. “Falei: ‘Rodrigo, como é que vou saber onde ela está?’. Quando tentei pegar o celular da mão dele, porque ele estava me filmando, ele começou a me agredir. Me bateu no rosto, me empurrou, me deu chute. Ele me xingava de ‘negra’, ‘macaca’, vários xingamentos racistas enquanto batia”, relatou.

A vítima disse que já conhecia o comportamento agressivo do advogado. “Quando comecei a trabalhar com eles, ele já estava em processo de separação. Ele sempre foi agressivo, tanto verbal quanto fisicamente. Eu tomava as dores dela, por ser mulher, e ele brigava comigo”, afirmou.

De acordo com documentos que a reportagem teve acesso, eles foram casados por onze anos e têm dois filhos em comum, de nove e três anos, estando separados há nove meses. O homem tem registro de boletim de ocorrência por violência doméstica e há, inclusive, pedido de medida protetiva.

Ela contou ainda que teme ser perseguida. “Me sinto perseguida porque ele disse que mexe com pessoas perigosas e que, se acontecesse algo como dessa vez, os capangas dele viriam atrás de mim. Ele sabe onde moro e conhece minha rotina”, disse. Muito abalada, ela disse que ''até agora a ficha não caiu’': “Me sinto um lixo’’.

Nota da Polícia Civil

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que apura a ocorrência de vias de fato, registrada na noite de ontem (20/11), em Belo Horizonte. Não houve conduzidos à delegacia. O caso foi destinado à 3ª Delegacia de Polícia Civil Centro, e outras informações poderão ser repassadas à imprensa após os procedimentos de polícia judiciária.

Leia a nota de Rodrigo Bravim

“NOTA OFICIAL À IMPRENSA

Em razão das matérias publicadas na imprensa nesta data, referentes ao episódio ocorrido em 20 de novembro de 2025 e registrado em vídeo, venho a público, com serenidade e respeito, prestar os seguintes esclarecimentos:

1. Os fatos narrados pela funcionária Tatiana em suas declarações à imprensa não correspondem à verdade. A versão por ela apresentada é parcial e distorce completamente a realidade dos acontecimentos.

2. Durante o processo de divórcio que tramitei com minha ex-esposa, a Sra. Tatiana, que era empregada da família, passou a demonstrar clara hostilidade contra mim, especialmente nos momentos de entrega e busca dos meus filhos, período em que eu exercia regularmente o meu direito de convivência com eles. Em razão de sucessivas agressões verbais e ameaças proferidas por ela, registrei dois boletins de ocorrência policiais nos últimos meses.

3. No dia 28 de outubro de 2025, após eu manifestar expressamente que não desejava mais qualquer contato pessoal com Tatiana, ela compareceu à porta da minha residência, proferindo gritos, xingamentos e ameaças, fato devidamente registrado por câmeras de segurança, e diante do meu porteiro. Envio o vídeo neste ato.

4. No último dia 20 de novembro, após receber novas ameaças e ofensas por telefone, enviadas pela babá via telefone, encaminhei mensagens de WhatsApp à minha ex-esposa solicitando que ela impedisse novos contatos da empregada comigo, em razão do histórico de comportamento agressivo já amplamente documentado (prints anexados a esta nota).

5. Diante da ausência de providências e da continuidade das ameaças, liguei para a Polícia Militar relatando a situação. Antes mesmo da chegada da viatura, Tatiana saiu do prédio de forma exaltada, dirigindo-me novos xingamentos, ameaças e iniciando agressão física. No calor da emoção e em legítima defesa, reagi para proteger minha integridade. Mesmo após me afastar do local, ainda fui atingido por pedras.

6. Em nenhum momento houve qualquer manifestação de cunho racista por parte de quem quer que seja. Tal acusação é absolutamente falsa e será devidamente rechaçada nas esferas cível e criminal.

7. Todas as provas (imagens, áudios, prints de WhatsApp, boletins de ocorrência e chamado à PM) serão apresentadas às autoridades. Confio plenamente na apuração imparcial dos fatos pela Justiça e pela Polícia Civil. Exerço a advocacia há mais de 20 anos com irrepreensível conduta ética e sempre pautei minha vida pessoal e profissional pelo estrito cumprimento da lei. Lamento profundamente que meus filhos tenham sido expostos a mais este episódio de violência, causado exclusivamente pelo descontrole de terceiros.

Agradeço o espaço na imprensa e permaneço à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais, sempre com o objetivo de que a verdade prevaleça.

Belo Horizonte, 21 de novembro de 2025,

Rodrigo Bravim”.

Maic Costa é jornalista, formado pela UFOP em 2019 e um filho do interior de Minas Gerais. Atuou em diversos veículos, especialmente nas editorias de cidades e esportes, mas com trabalhos também em política, alimentação, cultura e entretenimento. Agraciado com o Prêmio Amagis de Jornalismo, em 2022. Atualmente é repórter de cidades na Itatiaia.
Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.
Jornalista formado em Comunicação Social pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH). Na Itatiaia desde 2008, é “cria” da rádio, onde começou como estagiário. É especialista na cobertura de jornalismo policial e também assuntos factuais. Também participou de coberturas especiais em BH, Minas Gerais e outros estados. Além de repórter, é também apresentador do programa Itatiaia Patrulha na ausência do titular e amigo, Renato Rios Neto.

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