Vídeo: Babá denuncia agressões e insultos racistas de advogado na Região Centro-Sul de BH

Agressões ocorreram na porta de um prédio, no Dia da Consciência Negra; câmeras registraram tudo; defesa nega

Agressão ocorreu na porta de um prédio no bairro Santo Agostinho, na região Centro-Sul de BH

Uma babá, de 36 anos, foi agredida com tapas, chutes e insultos racistas pelo advogado Rodrigo Bravim, de 52, na porta de um prédio no bairro Santo Agostinho, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, na noite do Dia da Consciência Negra, na noite dessa quinta-feira (20). Câmeras de segurança registraram o momento em que o homem ataca a mulher com tapas e chutes. A vítima trabalha na casa da ex-companheira do advogado.

Segundo a babá, o agressor procurava a ex-esposa, de 45 anos, quando começou a discutir com ela. “O porteiro interfonou pedindo para eu descer com o filho dele, de 3 anos. Ele perguntava onde ela estava, e eu disse que não sabia, que isso era algo que eles precisavam resolver”, contou a vítima, que não será identificada, à Itatiaia nesta sexta (21).

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Ela afirma que, em determinado momento, o homem passou a filmá-la. “Falei: ‘Rodrigo, como é que vou saber onde ela está?’. Quando tentei pegar o celular da mão dele, porque ele estava me filmando, ele começou a me agredir. Me bateu no rosto, me empurrou, me deu chute. Ele me xingava de ‘negra’, ‘macaca’, vários xingamentos racistas enquanto batia”, relatou.

A vítima disse que já conhecia o comportamento agressivo do advogado. “Quando comecei a trabalhar com eles, ele já estava em processo de separação. Ele sempre foi agressivo, tanto verbal quanto fisicamente. Eu tomava as dores dela, por ser mulher, e ele brigava comigo”, afirmou.

De acordo com documentos que a reportagem teve acesso, eles foram casados por onze anos e têm dois filhos em comum, de nove e três anos, estando separados há nove meses. O homem tem registro de boletim de ocorrência por violência doméstica e há, inclusive, pedido de medida protetiva.

Ela contou ainda que teme ser perseguida. “Me sinto perseguida porque ele disse que mexe com pessoas perigosas e que, se acontecesse algo como dessa vez, os capangas dele viriam atrás de mim. Ele sabe onde moro e conhece minha rotina”, disse. Muito abalada, ela disse que ''até agora a ficha não caiu’': “Me sinto um lixo’’.

‘No Dia da Consciência Negra, uma mulher preta sendo agredida’

A advogada da vítima, Natália Sales Gomes, lamentou que o episódio tenha ocorrido justamente no Dia da Consciência Negra. “Enquanto mulher preta e advogada de mulheres, venho prestar solidariedade com enorme decepção. No Dia da Consciência Negra, uma mulher preta ser agredida por defender outra mulher de violência... é revoltante”, afirmou.

A advogada informou que a partir de agora adotará todas as medidas cabíveis. “Vamos acionar todas as vias possíveis, inclusive medidas cíveis, porque os danos são irreparáveis. A responsabilização deve vir tanto pela esfera criminal, que já está sendo investigada, quanto pela cível, onde vamos pedir reparação”, completou Natália, que acompanhou a vítima na delegacia nesta sexta-feira (21).

O outro lado

Fernanda Valle, advogada de Rodrigo, afirma que os fatos não ocorreram da forma relatada pela vítima. “Existem provas em sentido contrário, inclusive vídeos dela ameaçando o Sr. Rodrigo e mensagens de WhatsApp enviadas pela família dela também com ameaças de morte contra ele e seus familiares. No momento dos fatos, ela estava com os filhos menores do Sr. Rodrigo e teria deixado um deles sozinho para ir atrás dele e agredi-lo”, disse.

Ainda de acordo com a defesa, há vídeos e mensagens de WhatsApp que contestariam todas as alegações, referentes a situações anteriores ao ocorrido dessa quinta-feira. “Por fim, destaca-se que as ameaças foram também direcionadas à mãe do Sr. Rodrigo na data de ontem”, afirmou.

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Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.
Jornalista formado em Comunicação Social pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH). Na Itatiaia desde 2008, é “cria” da rádio, onde começou como estagiário. É especialista na cobertura de jornalismo policial e também assuntos factuais. Também participou de coberturas especiais em BH, Minas Gerais e outros estados. Além de repórter, é também apresentador do programa Itatiaia Patrulha na ausência do titular e amigo, Renato Rios Neto.

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