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Atingidos por barragem da Vale bloqueiam linha férrea em Mário Campos

População cobra retomada de benefícios e maior participação nas ações de reparação do rompimento da barragem em Brumadinho, que ocorreu em janeiro de 2019

Protesto de atingidos por Brumadinho bloqueia linha férrea da MRS em Mário Campos

Atingidos pelo rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, fazem um protesto na manhã desta terça-feira (28), ocupando a linha férrea da MRS Logística, em Mário Campos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O trecho faz parte da ferrovia do Sistema Paraopeba, usado por diversas mineradoras, incluindo a Vale.

O grupo cobra avanços na reparação dos danos causados pelo desastre, que completou mais de seis anos sem, segundo os manifestantes, alcançar a maioria das famílias atingidas. Entre as principais reivindicações apresentadas estão:

A retomada do pagamento do “Auxílio Emergencial”, conhecido como Programa de Transferência de Renda (PTR), encerrado após o esgotamento dos recursos previstos no acordo firmado em 2021 entre a Vale, o Governo de Minas e os Ministérios Públicos.

A manutenção da Assessoria Técnica Independente escolhida pelas comunidades, prestada atualmente pela Aedas. Os manifestantes afirmam que há risco de substituição da entidade sem consulta popular, o que, segundo eles, compromete o acompanhamento dos processos de reparação.

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Além disso, o ato chama atenção para as condições de participação dos atingidos na gestão dos projetos de reparação coletiva.

O grupo pede o pagamento de diárias para conselheiros comunitários, como forma de compensar a perda de dias de trabalho durante as reuniões e atividades de governança.

A Vale disse, por meio de nota, segue comprometida com todos os aspectos da reparação. “Até o momento, mais de 78% dos R$ 37,7 bilhões previstos no Acordo de Reparação, firmado em 2021, já foram executados, além de outros R$ 3,9 bilhões pagos em indenizações para 17 mil pessoas”, disse.

“O Acordo Judicial estabeleceu as obrigações de fazer e pagar da Vale, com vistas à reparação dos danos, impactos negativos e prejuízos socioambientais e socioeconômicos causados pelo rompimento”, acrescentou.

A reportagem entrou em contato com o Ministério Públicos, a Defensoria Pública de Minas Gerais e a MRS Logística, e aguarda os posicionamentos.

Justiça marca audiência

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A Justiça Federal definiu o calendário de audiências de instrução sobre o caso do rompimento, em janeiro de 2019. A lama destruiu parte da cidade mineira e 272 pessoas morreram soterradas.

Com a rejeição das tentativas das defesas dos 15 réus de anular o processo, as audiências ocorrerão entre fevereiro de 2026 e maio de 2027. Nesta fase do processo, serão ouvidas testemunhas e acusados pelas mortes.

Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.