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Saúde: adoçante comum pode interferir no tratamento de câncer, diz estudo

Pesquisa foi feita em camundongos e avaliada em 13 pacientes humanos; mais estudos são necessários para confirmar os achados

Uso de adoçantes em bebidas

A sucralose é um dos adoçantes artificiais mais usados para substituir o açúcar em receitas, bebidas e produtos industrializados, sendo indicado para pessoas que precisam controlar a glicemia. No entanto, um novo estudo sugere que o ingrediente pode não ser a melhor escolha para pacientes com câncer que estão sendo tratados com imunoterapia.

O trabalho, publicado nessa quinta-feira (31) no Cancer Discovery, descobriu que pacientes com melanoma e câncer de pulmão de não pequenas células que consumiram altos níveis de sucralose tiveram uma pior resposta à imunoterapia e menor sobrevida do que aqueles que consumiam níveis baixos do adoçante.

Por outro lado, alguns suplementos que aumentaram os níveis de arginina, um tipo de aminoácido, atenuaram os efeitos negativos da sucralose na imunoterapia em testes feitos com camundongos.

"É fácil dizer: ‘Pare de beber refrigerante diet’, mas quando os pacientes estão em tratamento para câncer, eles já estão lidando com o suficiente, então pedir que alterem drasticamente sua dieta pode não ser realista”, analisa Abby Overacre, autora principal do estudo e professora assistente do Departamento de Imunologia da Universidade de Pittsburgh, em comunicado.

“Precisamos encontrar os pacientes onde eles estão. É por isso que é tão empolgante que a suplementação de arginina possa ser uma abordagem simples para neutralizar os efeitos negativos da sucralose na imunoterapia”, completa.

Adoçante pode alterar o microbioma do intestino

O estudo, feito com camundongos, mostrou que a sucralose alterou a composição do microbioma intestinal dos animais, aumentando as espécies bacterianas que degradam a arginina, reduzindo os níveis desse aminoácido no sangue, no fluido tumoral e nas fezes.

Isso é negativo, pois a arginina é essencial para a função das células T, presentes no sistema imunológico e responsáveis por combater infecções e células anormais -- incluindo as células cancerígenas.

No caso de pacientes que fazem tratamento com imunoterapia, isso pode ser ainda mais perigoso, já que os medicamentos com inibidores do ponto de controle imunológico, como o anti-PD1, atuam aumentando a atividade das células T no combate ao câncer.

“Quando os níveis de arginina foram reduzidos devido a alterações no microbioma induzidas pela sucralose, as células T não conseguiram funcionar adequadamente”, explica Overacre. “Como resultado, a imunoterapia não foi tão eficaz em camundongos alimentados com sucralose”, completa.

Nos animais que tinham melanoma e adenocarcinoma, a adição de sucralose à dieta inibiu a terapia anti-PD1, levando a tumores maiores e menor sobrevida. No entanto, quando os pesquisadores suplementaram arginina ou citrulina (que aumenta os níveis de arginina no sangue) em camundongos alimentados com sucralose, a eficácia da imunoterapia foi restaurada.

E em humanos?

Para avaliar a relevância dessas descobertas em humanos, os pesquisadores analisaram 13 pacientes com melanoma avançado ou câncer de pulmão de não pequenas células que receberam imunoterapia isoladamente ou em combinação com quimioterapia.

Os pacientes preencheram questionários detalhados sobre o histórico alimentar, incluindo perguntas sobre a frequência com que consumiam adoçantes artificiais em café, chá e refrigerantes diet.

“Descobrimos que a sucralose prejudicou a eficácia das imunoterapias em diversos tipos, estágios e modalidades de tratamento de câncer”, diz Diwakar Davar, autor sênior do estudo. “Essas observações levantam a possibilidade de desenvolver prebióticos, como a suplementação nutricional direcionada para pacientes que consomem altos níveis de sucralose”.

O próximo passo dos pesquisadores é lançar um ensaio clínico para investigar se os suplementos de citrulina afetam o microbioma intestinal e a resposta imune antitumoral em pacientes.

*Com informações da CNN Brasil

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