Vídeo: Leoa volta à jaula seis dias após morte de ‘Vaqueirinho’ no Zoológico de João Pessoa

Animal foi reinserido no recinto após período de observação da equipe veterinária; vídeo mostra retorno de Leona à jaula

Vídeo: Leoa volta à jaula seis dias após morte de ‘Vaqueirinho’ no Zoológico de João Pessoa

Após a morte de “Vaqueirinho”, no último domingo (30), a leoa que atacou o jovem voltou ao recinto nessa quinta-feira (4), no Zoológico de João Pessoa. Em um vídeo publicado pelo parque, Leona aparece caminhando e observando o local. Segundo o zoológico, o animal segue sendo acompanhado pela equipe veterinária.

Gerson de Melo, o “Vaqueirinho”, foi atacado e morto no domingo (30), ao invadir a jaula do animal. Ele tinha 19 anos e era diagnosticado com esquizofrenia, além de apresentar sintomas psicóticos ativos, conforme laudos de perícias determinadas pela Justiça. A mãe, que perdeu o poder familiar do jovem há mais de dez anos, e os avós também são diagnosticados com esquizofrenia.

A bióloga Marília Gabriela, responsável pelo cuidado da leoa, explicou como foram as horas após o ocorrido.

“Leona apresentou um pouco de estresse, o que é natural, mas ficou bem. Já se alimentou, fez todas as necessidades fisiológicas e permanece tranquila no recinto. Ela ficou em observação contínua para garantir o bem-estar”, afirmou.

Nessa quinta-feira (4), a bióloga informou que Leona amanheceu mais tranquila e respondendo bem aos cuidados. “Seguimos acompanhando tudo de pertinho, todos os dias, com muito carinho e atenção. Nesta sexta ela deve estar de volta ao recinto”, disse. Ela também lembrou que Leona nasceu no parque, em 2006, e foi criada com os pais até a morte deles.

Polícia nega falha de segurança em zoológico

A Polícia Civil da Paraíba disse que não houve falhas de segurança no zoológico, onde “Vaqueirinho” morreu após invadir a jaula de Leona e ser atacado. Segundo a delegada do caso, Josenise Andrade, “não houve falhas, pois nós consideramos que o ocorrido foi um fato atípico”.

Ainda conforme as informações preliminares, a jaula do animal tem todos os critérios técnicos. O caso também é investigado pelo Ministério Público da Paraíba, em dois procedimentos. O primeiro sobre as possíveis irregularidades apontadas pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema) e o segundo sobre as condutas adotadas no local, como esclarecer como acontece e quais os padrões técnicos de segurança do parque.

Quem é “Vaqueirinho” e qual o histórico familiar?

O jovem chamado Gerson de Melo Machado era conhecido como “Vaqueirinho” e tinha 19 anos. Segundo a conselheira tutelar Verônica Oliveira, que acompanhou o jovem durante oito anos, ela revelou estar “arrasada” e que “Vaqueirinho” sofria de transtornos mentais. Em entrevista ao Metrópoles, Verônica contou que ele cresceu sem o apoio familiar e que sonhava em viajar para a África para se tornar domador de leões.

Verônica contou ainda que “Vaqueirinho” era filho de uma mãe com esquizofrenia, com avós que também sofriam de comprometimentos mentais e vivia em pobreza extrema. Verônica teve seu primeiro contato com “Vaqueirinho” aos 10 anos, quando ele foi encaminhado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) ao Conselho Tutelar após ser encontrado andando sozinho à beira de uma BR, depois que fugiu de um abrigo.

“Ele, embora estivesse destituído, amava a mãe e sonhava que ela conseguisse cuidar dele. Evadia do abrigo e ia direto para a casa da avó e da mãe”, contou ela durante a entrevista.

Segundo a conselheira tutelar Verônica Oliveira, que acompanhou o jovem durante oito anos, ela revelou estar “arrasada” e que “Vaqueirinho” sofria de transtornos mentais.

Segundo Verônica, dos quatro irmãos que estavam para adoção, Gerson foi o único não adotado, possivelmente pelos transtornos mentais. Conforme ela, Gerson só recebeu o diagnóstico quando entrou no sistema socioeducativo, em 2023.

“Esse laudo só veio quando ele já tinha sofrido todos os horrores de violências e violações”, lamentou Verônica durante a entrevista. Ao longo da vida, “Vaqueirinho” foi apreendido diversas vezes, todas por delitos leves. Já durante a maioridade, foi preso por consequências mais graves.

Na semana anterior à morte, ele havia sido preso após tentar arrombar um caixa eletrônico e atirar pedras ao ver uma viatura. Levado ao Presídio do Roger, foi liberado no dia seguinte, após audiência de custódia, e encaminhado para tratamento psiquiátrico. O documento mais recente citava também diagnóstico de esquizofrenia.

Após o ataque, o parque foi fechado por tempo indeterminado.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.

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