O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou nesta segunda-feira (3) que a expectativa do governo é incorporar a vacina contra a dengue ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) já em 2026. A declaração foi dada durante entrevista coletiva, quando ele respondeu a questionamentos sobre o avanço dos estudos, o processo de registro junto à 
Segundo Padilha, o registro da vacina deve ser concluído até o fim deste ano, dependendo da avaliação final da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. “A Anvisa está acompanhando com segurança todas as etapas, com controle semanal das informações. O diálogo com o Instituto Butantan é constante, e os dados sobre eficácia e segurança estão sendo analisados para a decisão final”, afirmou.
O ministro destacou que a empresa Buxi tem histórico de fornecimento internacional e capacidade para atender à demanda brasileira. “Essa não é uma limitação de produção. Trabalhamos com a previsão de 40 milhões de doses no próximo ano, após o registro, para integrar ao Programa Nacional de Imunização”, disse.
Padilha explicou ainda que a definição da faixa etária prioritária e da estratégia de aplicação ficará a cargo do Comitê Técnico do PNI, após a aprovação do imunizante. “O comitê seguirá critérios científicos e vai definir se a vacinação começa por determinada faixa etária ou grupos específicos. Nosso objetivo é que a vacina se torne a principal ferramenta de controle da endemia no país”, completou.
Letalidade e prevenção continuam em foco
Ao responder sobre o aumento das mortes por dengue nos últimos anos, Carlos Buzzo, representante da Organização Pan-Americana de Saúde, afirmou que não se pode considerar o número atual de óbitos, acima de mil por ano, como “novo normal”. “Nosso trabalho é justamente para que isso não faça parte da paisagem brasileira”, disse.
Ele ressaltou que o país já registrou redução de 75% nos casos e 72% nas internações em 2024, em comparação com o ano anterior, mas reconheceu que a letalidade entre casos graves e prováveis ainda é alta. “Estamos atualizando os materiais de manejo clínico, promovendo formações e treinamentos para profissionais de saúde, e fortalecendo a Força Nacional do SUS para apoiar os municípios”, explicou.
Investimentos e planejamento regional
Durante a coletiva, o ministro também detalhou os investimentos previstos para o combate à dengue. Ao todo, serão R$ 183,5 milhões adicionais destinados ao próximo ano, voltados principalmente para o desenvolvimento e uso de tecnologias inovadoras no controle do mosquito Aedes aegypti. O valor se soma a um orçamento de R$ 1 bilhão já existente para ações de vigilância e combate ao vetor.
Em resposta à Rádio Itatiaia, Padilha destacou que as estratégias do ministério levam em conta as particularidades epidemiológicas de cada região. “É um trabalho de microplanejamento. Cada cidade e até cada bairro têm um perfil diferente do vetor. Há locais onde ele se concentra mais em caixas d’água, outros em vasos de plantas ou depósitos de pneus. Por isso, o planejamento é ajustado de forma específica”, afirmou.
O ministro disse ainda que o governo antecipa relatórios técnicos e repassa informações detalhadas aos estados e municípios para subsidiar essas ações. “Trabalhamos junto ao Conass e ao Conasems para orientar as secretarias estaduais e municipais de saúde, reforçando desde a atenção básica até as unidades de urgência e emergência”, completou.